terça-feira, 21 de outubro de 2025

Horas Perdidas?










Pleno Inverno na estrada rumo ao Sul

 

Pleno Inverno

Cinco horas perdidas no caminho gelado dos lagos do Sul

 

Chove no Rio Grande do Sul. A Notícia me interessava. Ainda na estrada de São Paulo a Porto Alegre com o carro estourando de tanta estrada, saíra de Minas Gerais no dia anterior. Comparava a minha resistência, horas sem dormir, com a do carro.

 

Da mesa do restaurante, observava os mecânicos a gesticular em torno do carro que revisavam. Mesmo com os vidros embasados, com a neblina e o nevoeiro da manhã fria, já perto de Santa Catarina, via tudo com nitidez até uns vinte metros.

 

O resto na distância era só imaginação. Chuva forte. Julho. No relógio, quase 6 horas. Pouco movimento no restaurante, um e outro motorista. Chegam e saem. Rápidos.

 

A garçonete, inexperiente, serve e faz perguntas, conta casos de acidentes. Diz conhecer bem a estrada, indica os pontos perigosos. Ela é uma garota nova. Talvez 16 anos. Filha daquele bigodudo, gerente ou dono da menina. Talvez. Ela se afasta e o barulho dos copos e pratos continua. Nada má, cheia de proporções. A revisão e o conserto do carro demorarão algumas horas. Aceito a cama oferecida pela garçonete. Seis e cinco. Amanhece. O despertar numa manhã tão cedo, na estrada, um pouco sonolento, com aquela neblina, com o nevoeiro, ativa o tesão. A garota inquieta.

 

- Açúcar?

 

O gerente e/ou o dono da menina olha-me. Oferece mercadorias. Bom dia, senhor cafetão. Olhos falam. Denunciam intenções. Ele aprovou-me e saiu para a frente do restaurante.

 

- Quero me lavar. Onde é o quarto?

 

- Providenciarei a água quente.

 

Indicou o banheiro.

 

- Não se preocupe, eu faço tudo.

 

*

 

Apanhou o jornal, os cigarros e dobrou a japona nos braços. Sorriu. Vitoriosa ou feliz ou satisfeita. Decidi almoçar no restaurante. Sem pressa, sem correria, aberto às surpresas que a estrada oferece ao que viaja com segurança. Ela não aceitou dinheiro.

 

Ao manobrar de volta para a estrada, parei o carro, numa freada forte. Lá dentro do restaurante, atrás da janela ainda ofuscada pela neblina, a garçonete chorava. Não era mais a garota que amanhecia, já uma mulher e seus cabelos não estavam mais louros. Via os cabelos pretos da minha mulher. Com a freada, o carro desligou. Abri a porta do restaurante. Ela estava parada no salão. Ninguém mais ali por perto. Seus cabelos voltaram a ser louros e ela, uma menina de 16 anos. Uma mulher. Ela chorava.

 

Nós nos conhecemos há cinco horas ou pouco mais.

 

- Não era minha intenção fazê-lo voltar. Pode ir. Cuidado com a estrada, daqui a dois quilômetros, o asfalto partiu. Cuidado e calma. Passe na volta, estarei aqui.

 

Irrequieta? Não. Calma. Tranquila. Ela tinha razão, conhecêramos há cinco ou seis horas. Foram apenas 5 ou 6 horas. Como um simples viajante, deveria continuar o caminho. Seguir. De que adiantaria qualquer outra decisão. Foram apenas cinco horas entre um homem e uma mulher, uma menina, numa parada de beira de estrada. Continuaria, pelo menos aí, na estrada, sabia qual era o meu destino. Devia seguir em frente. Refiz meus cálculos computei cinco horas perdidas. Cinco horas de atraso.

 

Sem pressa e nem hora marcada, rumo a Montevidéu, onde, depois de 20 meses, um ano e oito meses, reencontraria com minha mulher.

 

Quase quebro o carro no asfalto partido. Ah! Garota.

 

Minha mulher sorri. As duas tem o mesmo sorriso.

 

Na escola, ela se distinguia das colegas pelo sorriso, tímido, lábios fechados. Um sorriso misterioso, quase imperceptível.

 

Retomei a estrada mais seguro. As duas me acompanhavam com suas imagens em rápidas misturas, ora os cabelos eram louros, ora, negros.

 

Barbara

 

Bárbara, os colegas a criticam. Poucas palavras. Voz frágil. Infantil. Ninguém conhecia aquela que para todos era fria, pelo silêncio era "uma crítica".

 

O nosso casamento foi discutido, muito discutido. A saúde precária do pai impôs o adiamento. Ela controlava a casa, administrava o dia a dia.

 

Bárbara me apresentou Madalena e as suas maravilhosas "bolachas com recheio doce".

 

Atração total pelo paladar. Em um mês, Madalena já era a noiva. Bárbara controlava as paixões também. Se ela se assustou, nunca ninguém soube. Era uma mulher fria. Mais um episódio a confirmar aquela impressão. Pai, mãe, mais duas irmãs menores, todos mudaram para o Uruguai. Mudou mais uma vez a data do casamento. 

 

Éramos três alegres camaradas que se divertiam com tudo. Passeios em parques de diversão, no Parque Rodô, praia de Pocitos, praia de Ramirez, caminhávamos por Montevidéu.

 

                       

 

CÂNTICO NEGRO

 

José Régio

 

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces

Estendendo-me os braços, e seguros

De que seria bom que eu os ouvisse

Quando me dizem: "vem por aqui!"

Eu olho-os com olhos lassos,

(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)

E cruzo os braços,

E nunca vou por ali...

 

A minha glória é esta:

Criar desumanidade!

Não acompanhar ninguém.

- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade

Com que rasguei o ventre à minha mãe

 

Não, não vou por aí! Só vou por onde

Me levam meus próprios passos...

 

Se ao que busco saber nenhum de vós responde

Por que me repetis: "vem por aqui!"?

 

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,

Redemoinhar aos ventos,

Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,

A ir por aí...

 

Se vim ao mundo, foi

Só para desflorar florestas virgens,

E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!

O mais que faço não vale nada.

 

Como, pois sereis vós

Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem

Para eu derrubar os meus obstáculos?...

Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem,

Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

 

Ide! Tendes estradas,

Tendes jardins, tendes canteiros,

Tendes pátria, tendes tectos,

E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...

Eu tenho a minha Loucura !

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,

E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

 

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.

Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,

Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

 

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!

Ninguém me peça definições!

Ninguém me diga: "vem por aqui"!

A minha vida é um vendaval que se soltou.

É uma onda que se alevantou.

É um átomo a mais que se animou...

Não sei por onde vou,

Não sei para onde vou

- Sei que não vou por aí!

 



sábado, 18 de outubro de 2025

UM MISTÉRIO

 






O amor é indecifrável

Eu consigo decifrá-lo quando toco você.

 

 

Anna Marchesini (*)

 

 

O amor é um mistério que nos envolve,

Um sentimento que não pode ser explicado,

Mas pode ser sentido.

 

 

E quando o sentimos,

Tudo parece fazer sentido.

 

 

O amor é indecifrável e ao mesmo tempo poético harmonioso.

 

 

O amor não tem como ser explicado.

Mas ao mesmo tempo, tem toque, tem cheiro e aquele profundo olhar.

 

 

O amor se sente no café, no pão de queijo, no cheiro da maçã.

 

 

O amor não tem toque, ao mesmo tempo toca a pele suave, toca a boca, os lábios.

 

 

Ahhh, o amor tão indecifrável, ao mesmo tempo se alinha comigo, com você.

 

 

O amor está em tudo que podemos tocar,

Tudo que se faz sentir.

 

 

O amor está na finitude e no infinito,

O amor abraça seus amores.

 

 

O amor é indecifrável

O amor está naquela música,

Na oração,

Nas manhãs.

 

 

Eu consigo decifrá-lo quando toco você.

 

 

(*) Anna Marchesini é diretora do Instituto ELO de Ação Solidária


POETAS SÃO POETAS


 




O poeta viverá, eternamente,

em cada coração que o leu

Anna Marchesini (*)

 

 

 

"Ahhh, poetas...

Feitos de sentimentos, almas que ardem,

Ateus ou não, cada poema é uma oração,

Uma conexão direta com o divino que transcende.

 

 

Poemas são rezas que os poetas fazem todos os dias,

Com delicadeza e alma, em palavras que fluem,

São olhares que mesmo fechados conseguem enxergar,

Pois os fazem com sentimento, com dor e com amor.

 

 

Poetas são poetas, não importa o rosto,

Narigão ou nariz arrebitado, a alma é a mesma,

Jamais morreram, suas palavras permanecem,

E em cada verso, um pedaço de si mesmos deixam.

 

 

Uma vez poeta, sempre poeta,

É uma sina linda, uma bênção e um dom,

Poetas se fazem na dor de cinco a dez anos,

Mas na alegria de uma vida inteira, suas palavras são eternas.

 

 

E quando a vida se apagar, e o último verso for escrito,

O poeta não morrerá, pois sua alma já foi compartilhada,

Em cada lágrima, em cada sorriso, em cada suspiro,

O poeta viverá, eternamente, em cada coração que o leu."

 

(*)  Anna Marchesini é diretora do Instituto ELO de Ação Solidária


sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Versos como oração

 







A morte e a morte do poeta morto

 

 Rufino Fialho Filho

 

 

Ouço falarem do poeta que morreu

Dizem que agora o poeta será lido

Dizem que é o maior de todos

O poeta morto aparece

 

 

Nariz imenso

Olhos tristes

 

 

Dizem que o poeta morto

não mais enxergava

 

 

Dizem que deprimido,

triste,

o poeta morto sofria,

sofria muito

 

 

Não mais podia ler

Não mais podia escrever

 

 

Cinco anos

na prisão de si

 

 

Uma triste sina

a sina do poeta morto

 

 

Cinco anos sem ler e sem escrever

(A terrível prisão)

 

 

O poeta sofreu cinco anos

uma longa e triste depressão

 

 

Um dia, na manhã, sentado,

ao lado da mulher,

a sua última mulher,

dizem que também poeta,

o poeta morreu

 

 

Morreu rezando

(revelou a mulher

que se diz poeta)

 

 

O poeta era ateu

O que rezava o poeta?

Ateu também reza

 

 

Reza?

 

 

Reza, certamente,

seu poema é uma oração

 

 

(Todo poema é

um poema

E é também

uma oração)

 

 

O poeta morto

reza ao lado da mulher

que só sabe rezar

 

 

Reza o nome da mulher

que ama, que somente ama

 

 

A mulher em cujo lado se senta

cuja mão segura a mão do poeta

que não mais escreve versos

que não mais passa páginas

 

 

Versos que o poeta escreve

 

 

Escreve e escreve,

limpa e dizem que

aquele poeta era

poeta matemático

porque o poeta dizia

que fazia poesia como engenheiro

 

 

Um construtor

que fazia poesia

como os pedreiros

pedra sobre pedra

Seus versos têm a

consistência da terra

tornada tijolo

pedra terra tijolo

Depois pó

 

 

Nada mais.

Never more.

Nunca mais versos

Nunca mais poemas

Never more.

 

 


terça-feira, 7 de outubro de 2025

Tudo era fágil

 

Onde está Guido Rocha?

É que a fera está no olhar? Na barbicha? Nas palavras? CRÉDITOS: Flickr


Rufino Fialho Filho  (*)


Um coração frágil. Tudo em Guido era frágil. Ele pode quebrar. Tão magro. Como seu corpo pequeno, franzino, esquálido, “pele (?) e osso simplesmente, quase sem recheio”, sustenta aquela fera?


É que a fera está no olhar? Na barbicha? Nas palavras?


Guido explode em suas esculturas e seus Cristos revelam o sofrimento e a tortura verdadeiras do homem moderno. O mundo olha Guido através dos calvinistas suíços, Guido larga tudo para trás.


É no seu Brasil que ele compõe e esculpe sua saga de ser cidadão. Aqui, é aqui. Guido precisa sobreviver, “sobrevivi pelos cantos”. Guido precisa fazer valer direitos, Guido fará, “é assim”, ele quer ensinar.


Guido atravessa os monstros. Todos tínhamos medo de que Guido não aguentasse as torturas e as pressões. Guido sobreviveu.


E o coração de Guido? Aguentou. Até a alegria era demais.


Olha, no final de semana, todos nós voando a 250 km/h no Ômega de Álvaro com destino à vida. Tudo e todos para salvar Guido. Ele não aguentou a alegria, comeu tudo, bebeu tudo, cantou tudo, brincou, riu, gostou do dia e de todos e brincou com os meninos, virou um menino, mas Guido é um menino, ali no canto tão magro, tão pequeno como o Gabriel, mais gente do que Guido, Gabriel tem carne e osso, é forte, um baita menino.


Guido corre risco. Guido explode, voando pelo chão. No hospital, Guido na maca, respiração difícil; todos por Guido e todos de olho na bunda da médica jeitosa, um primor de mulher, uma qualidade de bunda, todos atentos porque Guido, mais uma vez, vencerá seu dia.


Tempos depois: Onde está Guido? Passou mal, quase morreu e uma irmã que mora em Chicago o internou lá, mas já está bem e pronto para voltar, já mandou notícias.


Guido já esculpe? Nunca deixou de esculpir. É a sua luta. É a sua alegria. Vejo Guido passando algemado no corredor do Dops, uma delegacia que se diz de ordem política e social, não entendo, mas vamos em frente, talvez sobra do tempo que começou positivista.


Guido depois irá explicar-me. Ninguém se preocupa com as palavras. As palavras também têm que ter forma. “Tem que ser esculpidas. Faça das palavras uma arma, você é poeta, um senhor poeta”. Todos rimos, Guido fica nervoso, por que?


É, ele tem razão, qual o mal se traçarmos as palavras antes, se prepararmos as palavras antes, se tratarmos de cada uma delas, amaciá-las, dar-lhes forma e colocá-las exatamente no tamanho exato da palavra que queremos dizer. Fazer o que Guido faz como mestre da escultura.


Nunca fui bom de ouvido, nem bom de canto. Nunca entendi direito as pinturas. Vivo rodeado de cantos, músicas e pinturas. Quando não as tenho sinto falta de ar.


Guido diz que só a vida faz falta. Ele é doutor em vida e em sensibilidade de sobreviver todos os dias, carregando um coração que o tempo todo ameaça pregar-lhe uma peça. Cansado daquele corpo pouco.


Julian Beck, do Living Theatre, nosso companheiro de cela, no DOPS de Belo Horizonte, ganhará a liberdade no dia seguinte.


Ele pede a Guido que desenhe a nossa cela. Guido é um exímio desenhista. Julian Beck está entusiasmado, a cela é revelada nos detalhes, Julian passeia em volta de Guido que permanece concentrado. O trabalho fica pronto.


No dia seguinte, no dia da libertação de Julian Beck. Guido entrega-lhe o desenho e deita no seu canto.


  • Guido, cadê a janela?


Grita, Julian.


Guido volta-se, olha.


  • Lá está a janela na parede, grande, enorme.


Aponta Julian Beck.


“Não tem janela nenhuma no desenho que pedi!”


Guido volta-se para o seu canto.


  • Olha, a janela, Guidô.


Julian está impaciente. Guido levanta, apanha o desenho, olha para a janela, olha para o desenho.


A discussão acirra-se. Aquele norte-americano imenso, correndo teatralmente pela cela, gritando, misturando línguas, la fenêtre, ele sabia que Guido havia vivido na Suíça, repetia, la fenêtre, the windows, a janela, olha lá, mire, aqui, quedá, here, here.


Julian estava atônito.


Guido já nervoso, apanhou o papel, tomou-o da mão de Julian.


Sentou-se com a sua prancheta improvisada, o americano estatelado ao seu lado.


Guido riscou, riscou e devolveu o papel.


“Aqui tem uma janela, segundo Julian”.


Não desenhou, só escreveu.


Julian mudou de cor.


Seus gritos chamaram a atenção das outras celas. Havia um silêncio lá fora, nas outras celas, como dentro da nossa.


Um silêncio véspera de uma grande explosão.


A lição


  • Julian, meu querido Julian Beck, só você vê esta janela ali. Não existe nenhuma janela ali.


Guido professoral, tranquilo.


Uma lágrima desce pelos olhos do homem imenso, careca, de cabelos compridos atrás na nuca.


Aquele homem imenso torna-se um menino abalado. Está nos olhando.


Era o grande olhar da solidariedade e da amizade. Guido lhe dera uma lição utilizando os próprios métodos do teatro de Julian Beck, living, vivendo, encenando, fazendo, revolucionando, provocando, criando e introduzindo novos atores na cena da vida.


Era a grande cena de Julian Beck e de Guido Rocha.


Julian Beck com o papel, olha-o, olha para a janela, olha de novo para o desenho e para, abraça afetuosamente Guido.


  • Guidô, não existe nenhuma janela ali. Não existe nenhuma janela para o nosso mundo.


Julian está eufórico e abraça todos, despede, está alegre.


  • Eu vou abrir uma janela, eu farei uma janela para o mundo.

Ele está entusiasmado, era mais uma lição do seu Living Theatre.


Guidô aprendera.


Guidô ensinara.


Muitos anos depois, sempre contando esta mesma história.


O living continua – é o teatro que se quer vida e, incrível, a lição de Guido ampliara a visão de Julian, o artista, o ator, o teatrólogo. Julian Beck não era um escultor e nem um pintor.


Ele saiu alegre, feliz, profundamente triste, sensível.


Vejo os dois, Julian e Judith conversando no corredor. Ela abraça-o, Romeu e Julieta. Todos os atores do Living se afastam.


  • Janela, a janela.


Esta palavra virará uma música em várias línguas, deixando loucos os policiais.


É um grito que vem da rua, depois um coro, era a nova canção dos atores do Living Theatre. Três, quatro, dez vozes. Todos gritando, cantando em todos os idiomas que eles conheciam


  • A janela
  • A janela,
  • Le fenêtre,
  • Le fenêtre,
  • The windows,
  • The windows,
  • La fecha
  • La fecha
  • A janela.


Depois, um grito e silêncio

  • A janela não existe naquela prisão.



(*) Rufino Fialho Filho é jornalista