EM SETEMBRO
Eu sei
poucas coisas
Mesmo andando muito
conheço pouco
Das cidades,
só as memórias
que caem como aquela folha
única folha em toda a rua
sobre o asfalto negro
a folha seca
mais nada
Das cidades, o porto
em Belém
o jardim antes do amanhecer
ao amanhecer de Pelotas
Mil cidades caminhadas
mil cidades sonhadas
Agora, elas ressurgem
Tenho muito onde voltar
Não me sinto perdido
Nem encontrado
Sei de um terreno
imenso chamado memória,
moleca quase sempre
treiteira comigo e com pai
nunca embusteira
jamais sonho será
mais do que sonho
jamais o vermelho
mudará seu tom
Assim, meu pai
em um setembro tão distante
em uma cidade
abafada pelo céu seco