sábado, 28 de agosto de 2010

MINHAS CIDADES

EM SETEMBRO







Eu sei


poucas coisas


Mesmo andando muito


conheço pouco






Das cidades,


só as memórias


que caem como aquela folha


única folha em toda a rua


sobre o asfalto negro


a folha seca


mais nada






Das cidades, o porto


em Belém


o jardim antes do amanhecer


ao amanhecer de Pelotas






Mil cidades caminhadas


mil cidades sonhadas






Agora, elas ressurgem


Tenho muito onde voltar


Não me sinto perdido


Nem encontrado






Sei de um terreno


imenso chamado memória,


moleca quase sempre


treiteira comigo e com pai


nunca embusteira


jamais sonho será


mais do que sonho


jamais o vermelho


mudará seu tom






Assim, meu pai


em um setembro tão distante


em uma cidade


abafada pelo céu seco