terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

TANTOS SÃO






Os meus olhos




Olho com tantos olhos

Vejo no múltiplo

O singular



Vejo com os olhos do meu irmão

São tantos os olhos

Os olhos do outro

Os olhos da infância

Olhos de amigos e de filhos


(Imagino o olhar do meu filho

ao olhar nossa Chiquita)


Vejo com total segurança

Pelos olhos do meu pai



São tantos olhos,

olhos que herdei,

Olhos que trago em mim


Olho esta manhã de maio

Céu limpo, céu azul, céu claro

Tanto brilho

Limpo, azul e claro,

Céu que vejo com os olhos de mãe




Olho com os olhos do meu irmão

Ele que viu a enorme claridade

que fechou de vez os seus olhos


Vejo a menina com os olhos

da minha irmã 



Tantos olhos


Leio os mesmo livros que ela leu

Para trazer bem junto de mim todas as imagens

De todos os seus olhares


Pelos olhos de Milica, sei o que é a ternura,

Sei a bondade

Olhos que trazem para mim o mundo de vô João

o mundo de vó Zizinha,

da dona Zizinha, da tia Zizinha,

aquela pequena mulher naquela casa grande,

naquela cozinha imensa, naquele meio de tantas mulheres

e de tantas pessoas


Milica olha o mundo com bondade e

espalha beleza


Bela e boa e eu amo tia Milica

com todos os abraços que nunca lhe dei


Seus olhos trazem para mim

o mundo dos homens bons, das mulheres boas,

o mundo da gratidão e da pureza



São tantos os olhos que me surpreendo

na embriagues de Cici,

me perco na oração de Mário

e me esbaldo com as aventuras 

do bravo aventureiro Chico