Os meus olhos
Olho com tantos olhos
Vejo no múltiplo
O singular
Vejo com os olhos do meu irmão
São tantos os olhos
Os olhos do outro
Os olhos da infância
Olhos de amigos e de filhos
(Imagino o olhar do meu filho
ao olhar nossa Chiquita)
Vejo com total segurança
Pelos olhos do meu pai
São tantos olhos,
olhos que herdei,
Olhos que trago em mim
Olho esta manhã de maio
Céu limpo, céu azul, céu claro
Tanto brilho
Limpo, azul e claro,
Céu que vejo com os olhos de mãe
Olho com os olhos do meu irmão
Ele que viu a enorme claridade
que fechou de vez os seus olhos
Vejo a menina com os olhos
da minha irmã
Tantos olhos
Leio os mesmo livros que ela leu
Para trazer bem junto de mim todas as imagens
De todos os seus olhares
Pelos olhos de Milica, sei o que é a ternura,
Sei a bondade
Olhos que trazem para mim o mundo de vô João
o mundo de vó Zizinha,
da dona Zizinha, da tia Zizinha,
aquela pequena mulher naquela casa grande,
naquela cozinha imensa, naquele meio de tantas mulheres
e de tantas pessoas
Milica olha o mundo com bondade e
espalha beleza
Bela e boa e eu amo tia Milica
com todos os abraços que nunca lhe dei
Seus olhos trazem para mim
o mundo dos homens bons, das mulheres boas,
o mundo da gratidão e da pureza
São tantos os olhos que me surpreendo
na embriagues de Cici,
me perco na oração de Mário
e me esbaldo com as aventuras
do bravo aventureiro Chico