sexta-feira, 7 de outubro de 2011

DE TODAS AS NOITES


O VAZIO


Para o menino Pablito, em Hermosillo, México











A cama em que eu durmo


nem sempre é a cama


em que eu acordo










Larga, estreita


A cama em que eu durmo


é cama e companhia


suada, panos molhados


quente, confortável














A cama em que eu durmo


macia, macia


rola o corpo


rolam os corpos


deita, espicha,










Cama brinquedo


do meu corpo


de seu corpo


















A cama em que eu durmo


nem sempre tem


lençóis brancos



Largas, muitas largas


é cama abrigo


das noites, dos dias e das tardes


em que eu me faço largo e farto










A cama em que eu durmo


madeira de madeira,


tubo de tubos, espalhada


no chão de todo o quarto


formato indefinido












porque

a cama em que eu durmo

não se repete

nem mesmo na mesma noite