Desencontros & metáforas
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Serra do Caparaó |
I
Se eu fosse árvore,
gostaria de ter raízes
profundas
ser troncudo, dar sombra,
frutos, flores
frutos, flores
II
Se terra fosse,
gostaria de me erguer em
serras
majestoso,
impor-me, vales profundos
ser fonte, nascente
III
Se rio, aqui seria impetuoso,
barulhento,
Ali vagaria sinuoso
e no fundo, no fundo seria
limpo
Seria alimento,
lugar refrescante,
amante e vida conduzida
IV
Nuvem,
então,
amaria o vento que me toca
gostaria dos céus que
atravesso,
do alegre movimento,
Mais do que tudo,
gostaria de zanzar por aí
V
Sabe? Na verdade, na verdade,
se eu fosse poeta faria versos
sonoros e belos
Depois, largaria no ar,
aveia e capim
VI
Enfim, não sou nada disso
e tumultuoso
ora vagaroso
ergo-me e sopro
o próprio vento que me leva
VII
Não sou nada disso,
e estou de saco cheio