sábado, 21 de dezembro de 2013

A RAIZ DA PALAVRA

Bernardo de Manoel de Barros






A turma

Manoel de Barros



A gente foi criado no ermo igual ser pedra.

Nossa voz tinha nível de fonte.

A gente passeava nas origens. Bernardo conversava pedrinhas

com as rãs de tarde.

Sebastião fez um martelo de pregar água

na parede.


A gente não sabia botar comportamento


nas palavras.



Para nós obedecer a desordem das falas

Infantis gerava mais poesia do que obedecer

as regras gramaticais.

Bernardo fez um ferro de engomar gelo.

Eu gostava das águas indormidas.

A gente queria encontrar a raiz das

palavras.

Vimos um afeto de aves no olhar de

Bernardo.

Logo vimos um sapo com olhar de árvore!

Ele queria mudar a Natureza?

Vimos depois um lagarto de olhos garços beijar as pernas da Manhã!

Ele queria mudar a Natureza?

Mas o que nós queríamos é que a nossa

palavra poemasse.”







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