quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

TEMPOS ANTIGOS MÁQUINAS NOVAS





Amor & Geometria


Felipe Barbudo (*)


Ou como a Dona WWW salvou o casamento do dr. Fernando e ... entregou tudo


Toda cidade tem sua história. Muitas histórias. De qualquer forma, uma casa, um lugar, uma rua, um rio, um caminhante, algo aconteceu e o lugar virou cidade. Como uma semente e a cidade se fez, vontade, acaso, plano, riqueza, cansaço. Algo aconteceu e misturando tudo isto ou uma coisa só com o tempo surgiu a cidade.

O homem lá, ser presente em todos os episódios, ora barbudo ora escanhoado, ora gordo ora magro, este personagem cola-se na história da cidade e faz as duas, a cidade para se viver e a história para se contar.

É a história do nosso amigo um homem e um triângulo amoroso, dividido entre duas cidades, uma para morar, dormir, viver e outra para trabalhar, suar, funcionar e também viver.

Dizem que os triângulos amorosos não são viáveis. Acredito que sim, pois senão não haveria trabalho em consultórios de mentes e nem tantos psicólogos, psiquiatras e agora os já quase famosos na solução derradeira, os filósofos clínicos.

Outra viabilidade para os triângulos são os trapézios amorosos, os pentágonos amorosos e os hexágonos amorosos. Muitos amores perderam a forma geométrica de amar e tornaram-se circunferências amorosas, nem mais lado tem. São os que estão dentro ou fora do círculo amoroso. Os que amam tanto e estão dentro. Do outro lado, os que não amam nada e estão fora.

Lógico que quando se fala em homem, deve-se pensar não no gênero mas na espécie, esta que já se disse sábia, sapiens, faber, ludens, animal symbolicum ou tonta. No ora barbuda ora escanhoada não se pensou assim, houve exclusão(1). São os pecadilhos do dia a dia (2) quando os homens já deviam assumir a parceria das duplas, estarem sempre presentes em duplas, como no antanho João da Quina, Maria do Zé, Toninho da Marta, Zeca da Filó. Velhas e admiráveis duplas nem sempre harmônicas, apenas uma referência.

A praia lança a moda das duplas masculina e feminina, homem com homem, mulher com mulher. Coisa de verão, coisa passageira, como a chuva e como as musas. A sobrevivência das duplas será a sobrevivência da espécie e pari passu o contrário será a sobrevivência da China, no controle da natalidade, sem tanta loucura de matar crianças e de condenar adultos que erram na pressa e não conseguem por pra fora na hora certa.


Ah!
Como a www salvou o casamento do dr Fernandinho?

Simples e rápido, ele adotou a internet e administra o triângulo amoroso via net:

Uma cidade, uma mulher.

Vida, meia a meia, virtual.



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A entrega ou O Fim


Nada fica escondido muito tempo e aconteceu.

Um belo dia

Pois é, uma Dona Disposta a conferir acessou os e-mails daquela história que se queria virtual. Ao acessar, transformou, como quis, em uma história real, verdadeira e tudo dito, fantasias ou não, virou realidade.










(1) Exclusão sf - Termo extraído de dicionários para revelar uma realidade cruel dos nossos dias, aquilo que se exclui, que põe pra fora, que não se deixa entrar, proibido de participar, alijado do poder, do dinheiro, da alegria, do viver e do amor. (Do meu dicionário)

(2) Pecado SM - Houve época em que os pecadores faziam fila no confessionário. Homens e mulheres contritos, seguros de que estavam a um passo da absolvição. Era o mais rápido e seguro Consciência Was (3) de todos os tempos até se modernizar e tornar-se uma fonte de renda de elegantes consultórios e de uma interminável terapia (confissão).

(3) Consciência Was  sf - Lavador de consciência, local onde de limpa a culpa, limpa a consciência e de onde se sai com a alma lavada, a consciência limpa.

Outubro 2003




(*) Felipe Barbudo  é geômetra em Barbacena, Minas Gerais