O APELO DO LOBO
Antonio G. da Silva
Deixem-me ser poeta
Um poeta de olhos penetrantes
Um poeta de desejos errantes
De estradas longas, sem destino
Deixem-me ser poeta
De milhões de sonhos interditos
De alma faminta que em gritos
Me faz ser homem e ser menino
Deixem-me ser poeta
Não de caneta calada
Porque um poeta não tem medo de nada
O poeta é o maior guerreiro
Deixem-me ser poeta
Aquele poeta que sente na alma a dor
Que sente prazer, angústia, amor
Que se entrega por inteiro
Deixem-me ser poeta
Minhas palavras não se detém
E meus olhos se mantém
Na constante sinfonia de minh’alma
Deixem-me ser poeta
Para que minha mente se dissolva
Nas folhas brancas da pena solta
E renasça na ternura duma tarde calma