
Fazer o arroz, cortar a cebola, o alho, fazer a própria comida, estar ali, ao lado do fogão por umas duas horas, tempo suficiente para pensar, atento aos alimentos, na vida que correu acelerada algumas vezes, outras lenta, mas que te deixou diante do essencial, fazer o próprio alimento, escolher temperos, ouvir o fogo e o cozinhar, o barulho da água que esquenta, pensar em como é farta a vida pouca, tirar do alho o tempero e da cebola o doce, da água a cálida temperatura e o frio ou o quente necessário, lembrar da roça e das mulheres cozinheiras, de seus talentos e de seus amores, da comida farta e de histórias maravilhosas de tempos bons ou até de tempos crueis e difíceis, com suas lições, seus temperos, com suas regras ou seus pratos.

Faça a comida, só, imagine quem chamar para partilhar este alimento, em que há quase nada, o arroz, seus temperos, um ovo, uma batata e, mais uma vez, o vinho, cada vez mais amigo, mais tinto, mais presente, mais verdadeiro, de uvas plantadas e colhidas nos Alpes.