quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A LIÇÃO DA BELEZA


- Eu não sabia exatamente qual a diferença que existe entre um colibri e um beija-flor. Um era pequeno e o outro era grande. Para mim, o grande era o beija-flor. Não era. O colibri era o pássaro maior.

Naquela manhã de sol, aspersor ligado, as gotas cobrem quase todo o jardim. Manhã linda, céu azul, tudo muito limpo, puro azul, as gotas de água subiam fortes e percebia-se os jatos de água se repartindo e dividia suas gotas com o reflexo dos raios do sol.

Aquilo tudo era muito bonito e imaginava uma fotografia daquele momento, algo que fixasse aquela beleza, quando surgiu o colibri. Tudo já era tão bonito. Precisava de se ter uma fotografia daquele momento. É possível fazer.

As bromélias estavam sendo molhadas. Entre as bromélias e as gotas d’água, o colibri decidiu banhar-se. Foram cinco banhos. Eu os contei e toda aquela cena de pura beleza me levava o tempo todo a me indagar se não poderia captar toda aquela beleza em uma fotografia, pensava num filme, algo que fixasse a beleza do dia, da manhã, do sol, das cores, da bromélia, do colibri, do banho do colibri.

A mulher de pouco mais de 50 anos, magra, passos apressados, caminhava ao lado do homem, um senhor de mais de 70 anos, passos também rápidos.

Ele fala sobre o colibri.

Ela, costas e o pescoço tatuados de pequenas estrelas, lembrava de toda a preparação, de todas as brincadeiras com Antunes, seu parceiro da última semana.

“Um dia você verá muitas estrelas ao gozar nas minhas costas”.

Ele viu.

Ela voltou-se para o marido, o velho Martins, quando ele descrevia as gotas e o banho do Colibri.