quarta-feira, 25 de novembro de 2009

NO TANQUE


A exata localização da mente



Para Bá, Barrela




No tanque, ao lavar uma cueca, um par de meia e um lençol, tantos são os pensamentos que já imagino uma outra localização para a mente, que não o cérebro, pelas constatações e confirmações da ciência (assim, são taxativos: a mente está localizada no cérebro).

A mente também não se localizaria nos pés. Constatação do filosofar dos aristotélicos peripatéticos, em suas longas e consistentes caminhadas pelas ruas e estradas de Atenas. Caminhar e pensar. Pensar e caminhar. Caminhar e filosofar.

Aqui, agora, na beira do tanque, a localização exata do lugar do cérebro no corpo humano: sim, o nosso cérebro localiza-se nas mãos das lavadeiras, que na fama de falar muito esquecem o quanto se pensa antes de falar, pelo menos para uns tantos.

Sim, nas mãos pode estar localizado o cérebro, a mente, a imaginação. Não é com as mãos que nasceram e nascem os instrumentos, as grandes invenções, a escrita, não é nas mãos que também se localiza uma das fontes de prazer, não é com as mãos que se perpetuam os grandes feitos e os crimes, não é com as mãos que eu digito e percorro o mundo e me comunico?

Pois bem, as mãos detém nosso pensar, nosso expressar, nosso escrever. É a mão sede do cérebro e primeiro instrumento do fazer, sendo o tato a expressão mais consistente e deliciosa do prazer.