
Uma história de Relógio
Para a enfermeira Mirian, louca e ladra, com uma história verdadeira
Nós tínhamos, em casa, quando morávamos em Nadiar, no Rio Doce. um cachorro chamado Relógio.
Era o nosso relógio de hora certa e sem bateria ou corda.
Tomava conta dos meus irmãos, quando minha mãe ia levar comida para o pessoal que trabalhava na roça. Comida pronta, arrumada em uma gamelona, mãe dava a ordem para Relógio tomar conta dos meninos e não deixar nenhum deles, ninguém, encostar no fogão de lenha.
Quando era para buscar o meu pai, bêbado, em um bar da praça, na hora do almoço, Relógio partia, rabinho em pé, e, só voltava com o meu pai, xingando, jogando pedra, atrás dele.
Ele acordava os meninos na hora de ir para a escola e chamava-os na hora de dormir. Não tínhamos relógio na parede, mas tínhamos um relógio vivo, correndo por toda a pequena cidade de José Nadiar, alegre e conhecido de todos os nossos vizinhos.
Os bêbados, amigos do meu pai, é que deram este nome para ele, diziam que Relógio era pontual, chamaram-no de Hora Certa, mas o que pegou mesmo foi Relógio.
Uma madrugada, mataram o Relógio. Pura maldade. Dois dias depois, quem o matou, Seleme Raidan, bêbado, sentou em cima de uma garrafa quebrada e morreu.
No dia em que morreu Relógio, a bica de água da cidade, bica forte, de muita água, secou. Só voltou a jorrar, depois de sete dias, segundo uns, e de oito dias, segundo outros.
Como ninguém, ali, acreditava em um Santo Cachorro, ou fingiam não acreditar, não davam muito valor aos milagres de Relógio, mas, durante muito tempo, muitos milagres foram creditados à fonte milagrosa.
Eram os milagre do Relógio, milagres de hora certa, pontuais, sempre no horário em que ele foi assassinado e sempre no horário em que seu assassino morreu, sentado na garrafa. Ninguém ligava uma coisa com a outra, mas que a fonte era a fonte do cachorro, era, e que o cachorro era santo, era.
Tomava conta dos meus irmãos, quando minha mãe ia levar comida para o pessoal que trabalhava na roça. Comida pronta, arrumada em uma gamelona, mãe dava a ordem para Relógio tomar conta dos meninos e não deixar nenhum deles, ninguém, encostar no fogão de lenha.
Quando era para buscar o meu pai, bêbado, em um bar da praça, na hora do almoço, Relógio partia, rabinho em pé, e, só voltava com o meu pai, xingando, jogando pedra, atrás dele.
Ele acordava os meninos na hora de ir para a escola e chamava-os na hora de dormir. Não tínhamos relógio na parede, mas tínhamos um relógio vivo, correndo por toda a pequena cidade de José Nadiar, alegre e conhecido de todos os nossos vizinhos.
Os bêbados, amigos do meu pai, é que deram este nome para ele, diziam que Relógio era pontual, chamaram-no de Hora Certa, mas o que pegou mesmo foi Relógio.
Uma madrugada, mataram o Relógio. Pura maldade. Dois dias depois, quem o matou, Seleme Raidan, bêbado, sentou em cima de uma garrafa quebrada e morreu.
No dia em que morreu Relógio, a bica de água da cidade, bica forte, de muita água, secou. Só voltou a jorrar, depois de sete dias, segundo uns, e de oito dias, segundo outros.
Como ninguém, ali, acreditava em um Santo Cachorro, ou fingiam não acreditar, não davam muito valor aos milagres de Relógio, mas, durante muito tempo, muitos milagres foram creditados à fonte milagrosa.
Eram os milagre do Relógio, milagres de hora certa, pontuais, sempre no horário em que ele foi assassinado e sempre no horário em que seu assassino morreu, sentado na garrafa. Ninguém ligava uma coisa com a outra, mas que a fonte era a fonte do cachorro, era, e que o cachorro era santo, era.