terça-feira, 20 de abril de 2010

O SEGREDO DELA

COMO DECORAR





 

O segredo daquela mulher é a sua poesia, poucos a conhecem e todos a conhecem. A poesia daquela mulher, seu segredo, está em seu corpo. Todos sabem disto. Seu corpo é um poema monumental. Ela é um monumento. Poucos são os versos conhecidos. Ninguém a diz em rimas e do seu ritmo só se conhece os sons do seu caminhar lento, marcado, ou do seu caminhar rápido e picante. Ela é alegre. Não existe monumento mulher triste. Ela guarda-se e expõe-se. Guarda-se em pequeninos detalhes. Ela não é minha. Ela expõe-se por toda a cidade e está em todos os sonhos de amor. Ela navega neste imenso interior, distante das areias marítimas. Ela tem da poesia a frase precisa, o verso sem defeitos, o ritmo fácil, límpido, claro. Ela é pura poesia, mulher milimetricamente metrificada. A pureza fica na poesia que em segredo ela espalha. Eu navego em meus sonhos seu amor nestas montanhas ferruginosas, neste insondáveis dizeres do ser só pura poesia, poesia dita, explícita, visível, palpável, saboreável. Eu a trago na ponta da minha língua. Sei-a de cor, salteado, de trás para a frente, de todos os jeitos em qualquer um dos cantos, em meio a qualquer um dos versos. Dê o mote, devolvo a chave e não há enigma em nenhuma poesia. Ela é segredo, é poesia, ser conhecido, é mulher, ser ignorado, surpreendente: tudo pode acontecer.

Até o amor