quarta-feira, 5 de maio de 2010

FIM DA ALEGRIA

Sem olhos, sem mãos














Ela saiu da minha vida


saindo,


simplesmente saindo






Se antes chorou muito,


na saída sorriu






Saiu e eu nem percebi


que se afastava uma mulher linda


perdidamente linda e feliz


Eu não soube dizer sim






Vi que a beleza desaparece






Vi que a felicidade escapa






O momento da certeza de já não ter


é hora maldita


O certo vira errado


O feio vira belo


O belo torna-se medonho






Há desespero, sim.


Há muito desespero






É o do homem com o painel da vida


Instante final do afogado


Instante final do suicida






Passos de um condenado


Ranger da escada da forca






A mulher se afasta


As mãos já não mais nas suas mãos

Nas suas mãos,

o coração de quem também saiu






É dor demais para um homem


perdidamente apaixonado


pela só paixão






Triste tristeza do cálculo


malfadado






Tudo certo, tudo errado.






Não há frieza na hora

em que mãos se desfazem






Olhares que jamais se olharão


em busca de sonhos e ternuras


divididas, multiplicadas,


enlouquecidas.






Triste quando no balanço final,


como uma criança, um homem chora.