quarta-feira, 6 de outubro de 2010

É TUDO É NADA

Para A. Gödel - Melbourne, Austrália










A vida, a verdadeira vida

aquela que não é vivida



Dante Milano













Em um momento, o balanço.

O que aconteceu?

Obteve-se o programado? Quais foram as realizações,

os riscos e como se analisa o trecho percorrido?



O percurso sonhado, a vida verdadeira?



O que houve, bom amigo?



O que aconteceu com a sua coluna,

com o seu jeito de andar?



O balanço é uma boa idéia, uma boa coisa.

E depois?

De que isto nos servirá?



Poderei programar a rota,

criar caminhos, cidades, mudar itinerários, destinos,

repensar os filhos e as estripulias, melhorar o desempenho?



Poderei extrair de mim

o mapa mundi de um mundo sonhado.



Poderei fazer também um balanço dos sonhos?



Quantas coisas bem pensadas,

inteligentes e audaciosas eu não sonhei?



Eu sonharei, mais uma vez?

E o que eu farei com estes novos sonhos?

Para onde, quando, todo dia?

Deus meu, eu não acredito em deus, deuses,

Nem em santos, nem em anjos.

(Santas, santinhas, nestas doces mulheres eu acredito)



O que eu faço aqui se eu quero o meu destino

em minhas mãos,

escrito em papel, neste papel,

mas por mim feito,

no meu entendimento e no entendimento do feito,

um mapa astral total no meu destino

comum com o universo

e com os teus lábios,

com a tua voz.





Eu sei do destino de Vênus. Conheço seu futuro.

O meu, eu traço, eu faço.

Tento.

Fracasso.

Insisto.

Tento.

Nunca desistir.

Jamais.









Mesmo que tenha que desatar este laço que me ata a ti.