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Na Última Ceia, Leonardo da Vinci revela que não há limites para o pensar poético |
Desenho e palavras
Para o poeta Leonardo de Moscou que, canhoto,
como o outro,
também pintor, sabia que
a pintura é uma poesia muda
– dito no trabalho da Última Ceia
para a parede do refeitório de Santa Maria della Grazie,
em Milão, encomenda do duque Ludovico de Sforza
Os poetas são perfeitos
São eles que lapidam
Eles ouvem, eles sentem
Os poetas não erram
Eles medem
São polidores
Suas palavras são sínteses
Os poetas dizem pouco
E suas palavras são inesquecíveis
Saem de uma memória privilegiada
A memória do todo
Do povo e das dores maiores
Poeta não finge
Poeta é verdadeiro
Não erra jamais
O poeta diz direto no seu coração
Seu coração é o ouvido preferido
Ele se entende com o poeta
Não adianta interferir
O poeta é mais do que poeta
É mais do que um fazedor de versos
É um homem que escolhe as palavras
Descobre nas palavras sons e significados
Fabrica palavras que faltam
Sons que jamais existiram
Combina o real e o aparente
Muda mundos e cria mundos
Transforma sonhos em realidade
(realidades em sonhos também)
Os poetas são seres fantásticos
E são homens, tropeçam pelas ruas
Mas não erram nunca
Jamais um poeta será surpreendido
São perfeitos os poetas