domingo, 3 de outubro de 2010

PALAVRA E TINTA

Na Última Ceia, Leonardo da Vinci revela que não há limites para o pensar poético 



Desenho e palavras





Para o poeta Leonardo de Moscou que, canhoto,
como o outro,
também pintor, sabia que
a pintura é uma poesia muda
 – dito no trabalho da Última Ceia
para a parede do refeitório de Santa Maria della Grazie,
em Milão, encomenda do duque Ludovico de Sforza










Os poetas são perfeitos






São eles que lapidam






Eles ouvem, eles sentem






Os poetas não erram






Eles medem






São polidores






Suas palavras são sínteses






Os poetas dizem pouco






E suas palavras são inesquecíveis






Saem de uma memória privilegiada






A memória do todo






Do povo e das dores maiores






Poeta não finge






Poeta é verdadeiro






Não erra jamais






O poeta diz direto no seu coração






Seu coração é o ouvido preferido






Ele se entende com o poeta






Não adianta interferir






O poeta é mais do que poeta






É mais do que um fazedor de versos






É um homem que escolhe as palavras






Descobre nas palavras sons e significados






Fabrica palavras que faltam






Sons que jamais existiram






Combina o real e o aparente






Muda mundos e cria mundos






Transforma sonhos em realidade






(realidades em sonhos também)






Os poetas são seres fantásticos






E são homens, tropeçam pelas ruas






Mas não erram nunca






Jamais um poeta será surpreendido






São perfeitos os poetas