domingo, 7 de abril de 2013

O NOVO SOM DA VIDA




Adultos e as caixas falantes



Pavão misterioso





Em um lugar, vivo,

e em mim mesmo






Infância vadia

igual ao Mucuri de enchente


Água calma – invade a estrada

Água sensata – colhe ribeirinhos

Água-água – acalma corredeiras



Infância com adultos em torno de caixas falantes

Humor em ondas nacionais   

Músicas e sucessos e carnavais   

Tudo muito bonito

lindo

mas longe, lá no Rio (outro mundo)






Horas tensas nas crises presidenciais

na caixa da empostação,


Há um deus

e tudo é verdade



A vilazinha de Pavão,

a rua dobra, sobe e desce o morro

no caminho da gente



Até Pavão, noventa quilômetros 

poeira, lama e enjôo  

nos jeeps, nos regatos, nas histórias ao ritmo das marchas



Viagens de conversa com o cafezinho em casa amiga

Seu Juca e dona Beza moram na sede da fazenda

Sentados, na frente da casa,

de onde saiu uma coral;

no outro dia, o escorpião que Dã carregou curiosa



No terreiro de cimento,

o vaqueiro Agibe espera que o relógio bata a hora

e vai separar o gado.




Depois, a hora de Jerônimo,

proibido qualquer ruído


Depois, muito depois, seu Juca e dona Beza      

brigam por um silêncio impossível

agora é o horário nobre da televisão







12 bolos  - Nunca mentir    

Toda a dignidade do homem está em não mentir  

Como eu poderia saber o que era o morrer?






Cedo, nasceu o mundo distante

Isolado em voos fantásticos   

O avião de brinquedo                                               

O céu de verdade                                                      



No campo de pouso do Cruzeiro                                          

vivia só para mim a menina morena              
                                                                                 



Tempo frio e chuva fina

A ducha fria, ossos trêmulos

A noite antes de ser noite

Na tarde, continua a chuva fina

Prenúncio da noite escura







....................