PERDIDA
Um poema de Horácio Bicalho
Meu
ser onde anda
perdido
na necessidade,
perdido
na insatisfação?
Ser
múltiplo ser
Meu
ser onde anda?
Em
trincheiras escuras
Em
ruas ensolaradas
Em
mulheres já amadas
Em
rios de águas puras
Onde
anda, meu ser, onde anda?
Que
lugares são estes
Sem
barulho não existem?
Que
lugares são estes?
Cheios
nada tem
Onde
pode andar
um
ser que só sabe amar?
Em que
ruas ensolaradas
Em
rostos de mulheres queimadas
As
paixões chamam-me
para outras paixões
para outras paixões
Paixões
de ser
integralmente sensato
integralmente sensato
(onde
basta a sensatez?).
arroz
integral
leite
integral
humanismo
integral
alimento
integral
Instantâneo
Instantânea,
a essência humana
É efêmera
e dilui
maravilhosa
(e é leprosa)
Nos
pergaminhos modernos
espalham-se
(ser/seres)
por caminhos
por caminhos
já
pisados
por
ruas apavoradas
sobre
mulheres penteadas
Não se pergunte
quem és
Use a surpresa
(ou alegria)
da multiplicidade
(ou alegria)
da multiplicidade
Não responda nunca
onde estás
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