quarta-feira, 25 de setembro de 2013

CARTA AO MEU DEMÔNIO




OUÇO TUA VOZ





Elder Basco, 1983


Ao fugir, perdi

perdi a corrente amarela



Acho que caiu



Aquela peça escura

e a cinta roxa.



Perdida ficou a face

do meu pai



- Fale para mim

como era mesmo o rosto dele?




Perdi, naquela corrida louca,

de suas mãos e dos meus sonhos




Sobram perguntas, apenas perguntas



- Como era a voz do meu pai?


Ele falava baixo?  Gritava?





Perdi, depois do tumulto,

meu olhar de um dia antes.



- Você se lembra?


Corria na praia

Quando amanhecia antes do amanhecer



- Eu? Quem?