“Em mim alguma coisa és tu”
A Vigília de Hero, Manuel Bandeira
Manuel Rosa
Se apanho um pão,
no café da manhã,
frente ao meu bom
pai.
Claro, claro, eu
percebo.
Minha mão não é
a minha mão
Se faço a barba.
No espelho, o
que vejo?
A lâmina não
corta o meu rosto
Não sou eu
A imagem é de outro
O que aconteceu
comigo, Esperendeus?
Sou, totalmente,
outro
Eu sou você
Com uma pedra,
quebro o espelho
Com uma
faca-guilhotina, arranco-me as mãos
O que resta?
Ainda não sou
eu.