segunda-feira, 9 de junho de 2014

NO MANICÔMIO E NA VIDA





Mulher de endoidecer




Mozahir Abraham





(D’àprés Djavam)

Para Déborah Kerr, em Wuhan, na China








Doido.

Fico com suas luas

presas em meus dedos




Mulher de endoidecer



Doido.

Estou com seus silêncios


Não respondes mais




Calada.

Eu, falante


Distante.

Desesperado, fico perto




Louco.

Perdido em mim

Perdido em ti



Disperso.

Frágeis cacos

jamais recuperados




Sou cada pedaço.


Fragmentos de ti.



Por que a loucura

chega pelo amor?





Respondo?

Onde esqueci de mim?

Onde perdi minha tristeza?

E abandonei a minha vida?



Meu amor, minha loucura

Na treva e cego,

Sem pai nem mãe

Sem direção

Perdido em ti



Agora.

Escapo-me de ti





Mulher de endoidecer,

eu enlouqueci

amando

e pelo amor

torno-me peregrino

de abraços e beijos

retirados desta escuridão.