terça-feira, 29 de julho de 2014

BETE CASSANDRA













ANDRUCHA
 Um Conto em 27 Atos e Uma Sexta-feira



Alfredo Collins

“... toda criatura humana constitui profundo segredo e mistério para todas as outras”

Charles Dickens




Cenas e diálogos resgatados

I

O mergulho



- “Ela mergulhava dentro de seus próprios olhos”

- ... E  desaparecia?

- “Claro, desaparecia, sim, seu idiota”

- Ninguém via?

- “Era a atriz e era gente também como todas as atrizes”

- Um risco para a peça e isto acontecia em cena?

- “Sim, sim, às vezes acontecia”



.................


- Ela morreu mesmo?

- “Ao certo, não se sabe”

- Como?

- “Ela desapareceu. Morreu afogada.

- Afogada?

- Ninguém viu. Foi num ensaio.



II 


Ela nunca aprontou




- Louco! Você é louco. Ela tem 14 anos. Bete tem só 14 anos.

- Porra, cara! Que merda. Você não é homem, seu porra? O que ela já tem de cacete, um atrás do outro, dá uma porrada de metros. Se contar cada trepada para todos os cacetes, pode multiplicar a metragem.

- Dois, dez metros?

- Está me gozando! É paras mais de cinco metros numa média de 18 cm por cacete. Calculada as trepadas com cada cacete, vai para mais de 50 metros. E agora? Você caga regra, caga lei para me dizer que “ela tem 14 anos”. Para com isso, seja sensato.

- Eu sou sensato. É crime e dá cadeia.

- Ficou louco.

- Banque o bobo e ela te apronta. Esqueceu do que ela aprontou com o alemão amigo do pai?

- Ela não vai aprontar nada, porra nenhuma. Comigo, ela nunca aprontou e com o alemão se tratou de uma lição de amor. Nada mais.