ANDRUCHA
Um Conto em 27 Atos e Uma Sexta-feira
Alfredo Collins
“... toda criatura humana constitui profundo segredo e mistério
para todas as outras”
Charles Dickens
Cenas e
diálogos resgatados
I
O mergulho
- “Ela
mergulhava dentro de seus próprios olhos”
- ... E desaparecia?
- “Claro,
desaparecia, sim, seu idiota”
- Ninguém
via?
- “Era a
atriz e era gente também como todas as atrizes”
- Um risco
para a peça e isto acontecia em cena?
- “Sim, sim,
às vezes acontecia”
.................
- Ela morreu
mesmo?
- “Ao certo,
não se sabe”
- Como?
- “Ela
desapareceu. Morreu afogada.
- Afogada?
- Ninguém
viu. Foi num ensaio.
II
Ela nunca aprontou
- Louco!
Você é louco. Ela tem 14 anos. Bete tem só 14 anos.
- Porra,
cara! Que merda. Você não é homem, seu porra? O que ela já tem de cacete, um
atrás do outro, dá uma porrada de metros. Se contar cada trepada para todos os
cacetes, pode multiplicar a metragem.
- Dois, dez
metros?
- Está me
gozando! É paras mais de cinco metros numa média de 18 cm por cacete. Calculada
as trepadas com cada cacete, vai para mais de 50 metros. E agora? Você caga
regra, caga lei para me dizer que “ela tem 14 anos”. Para com isso, seja
sensato.
- Eu sou
sensato. É crime e dá cadeia.
- Ficou
louco.
- Banque o
bobo e ela te apronta. Esqueceu do que ela aprontou com o alemão amigo do pai?
- Ela não
vai aprontar nada, porra nenhuma. Comigo, ela nunca aprontou e com o alemão se
tratou de uma lição de amor. Nada mais.