O senhor da parada
Cristóvão Incaza
- Sabe onde MM está?
- Agora?
- Agora. Sim.
- Ele está no Shopping com
uma escrava.
- Escrava?
- Uma menina do interior. MM
tem uma legião de escravas.
- Não estou entendendo nada.
Escravas?
- Ele jamais poderá
desconfiar que te contei, muito menos a Andréia. Se a mulher dele souber,
desconfiar. Vc conhece a mulher dele, Lá na casa dele quem manda é a Andréia.
Quem administra e conduz tudo, com talento é a Andréia.
- E as escravas?
- Ponha na conta, na
contabilidade, das compensações.
- Isto é loucura.
- Ele descobriu este campo
imenso. Elas gostam, Ele chama e elas chegam para as sessões de escravidão por
livre e espontânea vontade.
- Andréia acabará com esta
festa a qualquer hora.
- Cara, tem mais de 20 anos
que ele constrói esta rede de escravas. São muitas as mulheres disponíveis e
que topam esta relação escravocrata.
- Sado-masoquismo.
- Nada disso. Não e não.
Talvez possa ser carimbada, apressadamente, assim. Nem sempre pinta agressão
física.Não tem agressão nenhuma. Acho que nunca, porque ele sempre me relata,
no máximo são uns tapinhas. É mais carinho. São escravas do carinh, da atenção
que um homem pode dar a uma mocinha carente.
- Não encaixa. MM?
- Ele e elas estabelecem
regras. A principal é que elas têm que aceitar a submissão. Uma submissão
mercantil, elas sempre saem lucrando grana, passeios, roupas novas, presentes,
bons presentes, bons restaurantes, bons hotéis, passeios inacreditáveis. Ele
passou uma semana com uma menininha numa pousada na Serra do Caparaó.
- ?
- Para uma escrava que
completou dez anos de semanas contínuas, ele deu um carro importado de 140 mil.
- Há agressão ou não? Como
dominar uma outra pessoa? Como submeter?
- Nunca aconteceu isto de
agressão. Nunca feriu nenhuma delas. Nada disso. O domínio é negociado pela
internet, acertado em detalhes. Os encontros são programados de acordo com o
interesse delas e o que elas querem.
- Difícil entender nosso
amigo.
- Não é submissão. É compra
da pessoa? Também, não. Está mais para um jogo. Um jogo em que só tem campeões,
vencedores. Elas vencem todas. Ele ganha todas.
- Profissionais?
- Também não. Elas não são
profissionais. Ele é profi.
- Personalidade dupla.
- Múltipla, talvez. Isto
porque se se colocar a relação em casa e com as escravas, aí teríamos a
personalidade dupla.
- Em casa, o submisso que
conhecemos, obediente. O que apanha. Lá, ele apanha mesmo. Na rua, ele é quem
manda, quem dá as ordens, quem é obedecido. Por aí, sim, seria dupla
personalidade.
- Só que ele tem que se
multiplicar. Cada uma das escravas tem uma história e ele tem que traduzir na
sua personalidade o encaminhar a escravização desta legião de mulheres e
meninas escravas.
- MM e Andréia têm um
casamento de quase 40 anos, cara. Ela sempre foi uma boa esposa, mãe e dona de
casa. Criou os seis meninos. Estão todos formados, bem na vida e quase todos
com suas próprias casas e propriedades. Só a Madalena, a caçula casa, separa e
volta, enchendo a casa de netos a cada saída, a cada volta.
- Isto é fácil para eles. E
ele é um marido bom marido, bom pai, bom profissional.
- E em casa, apanha, se
submete. É um escravo.
- Não, não. É apenas um
marido, um bom marido. Um marido padrão que toda mulher gosta, sonha e busca.
SLAVE, O PERFUME
- Você disse antes que este é
um campo imenso. Significa que existem outras legiões de escravas e outros
tantos senhores de escravas? Disse um campo fértil.
- A coisa é tão maluca que
ele pesquisa um perfume para que as escravas possam ser identificadas e
abordadas com segurança. Ele jamais esquece o nome delas. Sabe de cor o perfume
de cada uma. Cheiro é a digital das mulheres que amam.