Profetas não fazem contas
Sammuel Vitali
Todas as vezes que ouvir as previsões de um economista
sobre o que acontecerá amanhã, cuidado. Não acontecerá. Toda a probabilidade é
de não acontecer, mesmo.
Economista não é profeta.
Não consegue entender o futuro e muito menos explica o
que aconteceu.
Isto porque economista também não é historiador.
O limite exato das contas é o limite exato dos números e
é uma medida. Nem mais e nem menos.
A probabilidade é uma quase certeza numérica e uma quase
certeza é uma quase verdade, uma meia verdade, e em iídiche, meia verdade é uma
mentira inteira.
Uma referência para o possível é uma referência, uma
possibilidade que esconde, oculta, camufla e não expõe a realidade e a verdade
do percentual menor.
O outro lado - A interpretação da riqueza parte de
números e não da realidade. O profeta João, no capítulo 10, versículo 10, do
Evangelho segundo João, afirma que a paz é a vida em abundância e que a vida em
abundância todos os homens têm.
“Eu vim para que tenham a vida e a tenham
abundantemente”.
Como metáfora, como toda linguagem religiosa e todas as
linguagens de símbolos – e toda linguagem se suporta sobre símbolos – há neste
trecho da pretensão de que aquilo que é natural chega por intermédio de uma
“divindade” como uma doação.
A vida não é nada mais nada menos do que uma certeza (uma
riqueza) porque é a partir dela (a vida, a riqueza) que o ser é.
A existência é a comprovação da vida (riqueza).
A primeira e essencial riqueza do homem não se calcula em
números. Não chega por números.
A vida é a riqueza e ao nascer o homem ganha a vida e é
senhor da vida, é detentor de um patrimônio, a vida e de tudo o que a vida traz
consigo.
Os números grandes comportam outra história e que Tomasi di Lampedusa registra em O Leopardo e Karl Marx e Frederico Engels no Manifesto, ao assinalar que "tudo o que é sólido desmancha no ar".