Da
palavra,
da mulher
e
do amor
da mulher
e
do amor
Graciliano Telles de
Albergaria
Você
não existe apenas porque eu existo?
Você,
talvez, hoje não seja mais
do que
uma mulher reduzida às coisas
Mulher-vestido
Mulher-coméstico
Mulher-baton
Mulher-plástica
Você
não existe mais.
Aquele
vestido rosa desbotou
Aquela
moda passou
Gora é
outro ano
Agora
há um morro aqui
Mas,
eu, curioso do seu tempo
pergunto-lhe
o que aconteceu
Quero
saber o que fez
No correr
destes dias?
Não
posso é acreditar
que
você se deixou pegar
no jogo
fácil do amor
sem quê
nem porquê
ou
mesmo
do amor
cheio de explicações
Esta
tarde em que ninguém aparece
é
bobagem tentar arrancar um beijo
dizer
para Isaura que no norte tem açaí
no
almoço e na janta
É
bobagem, gesto tolo
a rede
balançando, convidando
Esta
tarde em que o céu cheio de sol
é
quente, estúpido como eu mesmo
ou para
mim
ou por
mim
só para
mim
por
causa daquela história sem Isaura
Esta
tarde em que vejo o dia se acabar
eu olho
para trás
e vejo
apenas um
almoço
e
algumas palavras
sobre o
tempero do feijão
Esta
tarde em que espero a noite
e que da
noite nada espero
quedo-me
parado
Fixo
nas pessoas caminhando
e eu me
arrastando,
repetidamente,
daqui pra
ali
de lá pra
cá