As razões de um
estadista
Rudolf
Barrios (*)
A
princípio estas reflexões teriam por título As Razões de um Terrorista.
Reportam
às principais razões que justificam a ação política e estratégica do estadista
Osama Bin Laden, sem se discutir a atividade militar, o ato guerreiro e os
recursos disponíveis no jogo desta guerra específica em que de um lado está um
gigante tecnológico e do outro lado um homem com um cajado nas mãos, tendo por
abrigo uma gruta nas montanhas.
A
palavra terrorista, com forte carga histórica, deveria merecer, embora digna,
quando se luta pela libertação, quando se luta contra um inimigo de proporções
maiores e de um poder de fogo descomunal, deveria merecer, ou exigiria, uma
abordagem histórica que sistematizasse sua compreensão em suas diversas
manifestações históricas.
O bom negócio
Hitler
percebeu muito tarde que a mecânica da guerra ganhara novos ingredientes, onde
o gás, onde o avião, onde as grandes bombas teriam como o mais macabro dos temperos
a bolsa de valores: o negócio da guerra.
Suas
noções de nação e de estado, para o componente estratégia, foram atropeladas
pela novas noções que a internacionalização financeira impôs. Naquele momento, década
de 1940, não haveria mais tempo de recondicionar suas munições, mudar
concepções dos conflitos e das novas armas.
Não
havia mais o que fazer.
A
partir daí, as guerras napoleônicas, os
exércitos nacionais, as grandes movimentações de tropas, limitar-se-iam a ação
de forças policiais de ocupação.
As
guerras seriam traçadas por outras razões e tornaram-se, em primeiro lugar,
grandes operações financeiras, com cada vez menor uso de tropas, com certeza o
mais portentoso negócio, a nova indústria, a desafiar gerações a avanços
tecnológicos insuspeitáveis.
Mesmo
construída sobre uma fenomenal indústria de armas e de inovações, a custos estratosféricos,
a nova guerra resumir-se-ia a um plano financeiro.
As
armas, os políticos, as leis, detalhes ilustrativos,
decorativos, como as estrelas e a farda de um militar.
O
instrutor de Snowden deixa claro que a guerra "atual", final do
século XX e início do XXI, não seria mais uma guerra de trincheiras, serão
poucas, de ocupações militares, serão poucas.
Já
é, uma guerra de cérebros, de inteligências. Quem teria estes
"cérebros"? A bolsa de
valores.
Esta
foi a grande descoberta de Hitler - só que para ele foi tarde demais.
(*) Rudolf Barrios,
autor de "Deletar a guerra"