Camões e Maquiavel, por outras razões, foram torturados |
Santas Fogueiras
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Santa Inquisição
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Santa Inquisição
Robby Robert
As fogueiras da inquisição continuam acesas e é
um crime que jamais prescreveu. Para quem descobriu isto, a fonte de histórias
é uma verdadeira mina de ouro, um bamburro de material já lapidado.
A não prescrição destes crimes violentos, crimes
verdadeiramente hediondos, nem mesmo necessitam de números expressivos, 10 mil,
50 mil, necessitam de poucos números, um talvez.
Um destes crimes só já bastaria para condenar a
igreja católica por o ter praticado.
Um único crime praticado após sessões de tortura
(escrever sessões horríveis de tortura seria pleonasmo) condenando homens de
outra fé religiosa à morte, queimados em fogueiras ou em fornos.
Queimados vivos ou garroteados (enforcados antes
do fogo).
Não queimar vivo seria uma dádiva para aqueles
que antes de morrer se submetessem à humilhação de aceitar a fé do carrasco e
do juiz.
Aceite Cristo como verdade é você será queimado,
mas será queimado morto.
Estes crimes de alguns séculos atrás estão mais
vivos do que nunca.
Jamais prescreveram.
Para maior humilhação e permanente condenação da
igreja católica apostólica romana, a não prescrição destes crimes não está
compilada em nenhum código nacional ou internacional. Não está escrita.
É um fato flagrante.
A memória.
O julgamento é permanente e atravessará décadas
e séculos até que se amadureça na consciência de todo homem a mais consistente
e verdadeira das sentenças judiciais da história do homem.
Os objetivos de poder, os objetivos econômicos
(os bens dos condenados eram divididos entre o denunciante, a igreja e a
nobreza) e a construção do moderno estado deformaram e comprometeram todos os
valores religiosos e morais ali estabelecidos.
As fogueiras continuam acesas. Os saques
continuam através das guerras e já duram muito tempo sem que ao lado do olhar
histórico, do permanente recompor histórico, surja a elaboração da sentença
mais definitiva, mais justa.
O resgate de histórias dos crimes praticados
pela igreja católica durante séculos e que traziam para o seu seio o julgamento
dos homens tiveram um nome, a inquisição,
substantivo que vem da palavra inquirir, perguntar.
Pergunta que, por sua vez, tornou-se simbólica e
santificada tornando-se Santa Inquisição.
Uma pergunta que extrairá do outro uma
revelação? Uma simples e singela revelação, a identidade do outro. Aquela
identidade era a condenação do outro. Bastaria aquela identidade, para a
condenação.
Acuada por
todas as evidências de que cometeu um crime, um crime hediondo, pra lá de hediondo,
a igreja católica apostólica romana não se defende, não argumenta.
Finge que não
é com ela, quer que o tempo passe.
Esforça-se
para que todos compreendam: foi algo
do passado.
Isto acabou e,
num gesto carregado de simbolismo e de esperteza: pede perdão.
De nada
adianta, este reconhecimento e este pedido de perdão.
Nem a
condenação definitiva sai e muito menos a sentença conclusiva do processo.
A história, o
homem jamais arquivará a inquisição – é o que indica seu debate
contemporâneo. Memória de mais de 500 anos, registros físicos, descritivos e históricos.