domingo, 21 de abril de 2019

CENAS DA GUERRA




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Primeiro Grupo de Caça da FAB que combateu na Itália




Malacacheta bombardeada


Alexandre Gleyre


Segunda Guerra, década de 40, o jornalista Assis Chateaubriand detona uma campanha para que cada município brasileiro doasse um avião para a Força Aérea Brasileira.


Era prefeito de Malacacheta, José Abrantes, pai de Pedro Abrantes, avô de Tina Abrantes, uma das mulheres mais linda do Mucuri, de todo o Mucuri.


Com a mobilização de todos os municípios e ampla cobertura da imprensa nacional, todas as cidades empenhadas na "guerra cívica e patriótica", sob o comando dos Diários e Emissoras Associadas, o prefeito José Abrantes convoca cidadãos ilustres de Malacacheta para ajudá-lo na aquisição da aeronave.


Na reunião decisiva, José Abrantes explica o porquê de atender o apelo para a compra de um monomotor.


- Vamos mostrar ao mundo o poder da nossa força aérea. Combater os alemães nos céus da Europa. Vamos bombardear cidades alemãs e acabar com a guerra. Malacacheta entraria na guerra como uma potência aérea. O avião se chamaria Malacacheta com o nome da cidade impresso na fuselagem. Era Malacacheta nos céus da Europa, bombardeando as tropas inimigas, cumprindo o seu dever.


Um cidadão aparteou. Quis saber se não seria perigoso mandar um avião com o nome da cidade impresso.


- E se os alemães descobrissem que o avião era da cidade de Malacacheta e, em represália, mandasse outro avião, deles, alemães, bombardear a nossa cidade?


Concluiu no silêncio geral:


- Nossa cidade é pequenininha e uma só bomba acabaria com ela.


O fiscal do governo, chefe da Coletoria,sempre calado, um gordo, observou, quase gemendo, voz rouca e truncada:


- Não tem perigo. Nenhum. Não corremos este risco. Os alemães não virão. Caso viessem, ao sobrevoar a cidade, iriam embora. De cima, eles se certificariam de que Malacacheta já havia sido bombardeada.



(Relato feito pelo doutor Tito Guimarães, em 5.6.1981)