Primeiro Grupo de Caça da FAB que combateu na Itália |
Malacacheta bombardeada
Segunda Guerra, década de 40, o jornalista Assis
Chateaubriand detona uma campanha para que cada município brasileiro doasse um
avião para a Força Aérea Brasileira.
Era prefeito de Malacacheta, José Abrantes, pai de
Pedro Abrantes, avô de Tina Abrantes, uma das mulheres mais linda do Mucuri, de
todo o Mucuri.
Com a mobilização de todos os municípios e ampla
cobertura da imprensa nacional, todas as cidades empenhadas na "guerra
cívica e patriótica", sob o comando dos Diários e Emissoras Associadas, o
prefeito José Abrantes convoca cidadãos ilustres de Malacacheta para ajudá-lo
na aquisição da aeronave.
Na reunião decisiva, José Abrantes explica o porquê de
atender o apelo para a compra de um monomotor.
- Vamos mostrar ao mundo o poder da nossa força
aérea. Combater os alemães nos céus da Europa. Vamos bombardear cidades alemãs
e acabar com a guerra. Malacacheta entraria na guerra como uma potência aérea.
O avião se chamaria Malacacheta com o nome da cidade impresso na fuselagem. Era
Malacacheta nos céus da Europa, bombardeando as tropas inimigas, cumprindo o
seu dever.
Um cidadão aparteou. Quis saber se não seria
perigoso mandar um avião com o nome da cidade impresso.
- E se os alemães descobrissem que o avião era da
cidade de Malacacheta e, em represália, mandasse outro avião, deles, alemães,
bombardear a nossa cidade?
Concluiu no silêncio geral:
- Nossa cidade é pequenininha e uma só bomba
acabaria com ela.
O fiscal do governo, chefe da Coletoria,sempre calado, um gordo,
observou, quase gemendo, voz rouca e truncada:
- Não tem perigo. Nenhum. Não corremos este
risco. Os alemães não virão. Caso viessem, ao sobrevoar a cidade, iriam embora.
De cima, eles se certificariam de que Malacacheta já havia sido bombardeada.
(Relato
feito pelo doutor Tito Guimarães, em 5.6.1981)