domingo, 8 de dezembro de 2019

COLHEITA NOTURNA














Tem gavetas que eu não abro

tem livros que eu não leio

tem sonhos que eu não sonho





Olho, em volta, na minha cidade,

a solidão de homens que não se veem

de mulheres que catam na noite sonhos de uma
                                    
 juventude que não tiveram

e que temem o dia que amanhecem
                                   
  nos braços de homens bêbados



Olho, bem perto de mim, a minha forçada,

ocasional, solidão

e temo escapar de mim.

Ouço, este silêncio da meia noite

depois que acabou o futebol, o debate político e o show





Têm olhos que não falam

Eu sinto a dor dos que estão distantes

Percebo que minha vida perdida não está vazia

Dramas na manhã, dramas na noite,

dramas no passado



Eu ainda sinto o cheiro do jasmim

e beijo, na face, as estrelas no céu


(Ajuricaba M. Manaus)