Tem gavetas que eu
não abro
tem livros que eu não
leio
tem sonhos que eu não
sonho
Olho, em volta, na minha cidade,
a solidão de homens que não se veem
de mulheres que catam na noite sonhos de uma
juventude que não tiveram
e que temem o dia que amanhecem
nos braços de homens bêbados
Olho, bem perto de
mim, a minha forçada,
ocasional, solidão
e temo escapar de
mim.
Ouço, este silêncio
da meia noite
depois que acabou o futebol,
o debate político e o show
Têm olhos que não
falam
Eu sinto a dor dos
que estão distantes
Percebo que minha vida perdida
não está vazia
Dramas na manhã,
dramas na noite,
dramas no passado
Eu ainda sinto o
cheiro do jasmim
e beijo, na face, as
estrelas no céu
(Ajuricaba M. Manaus)