Grades
nos
diálogos
Rufino Fialho Filho
Prisão,de Bergman,é mais do que uma metáfora. Mais do que uma
reinvenção do cinema. Se o diabo nos governa, se a vida é o inferno, uma prisão
- a prisão a que o homem foi condenado sem defesa, sem acusação, sem
julgamento.
Prisão que não é invisível e cujas
grades estão presentes nos diálogos, nos relacionamentos, no
"castigo" do crime - o infanticídio introduz três Raskólnikov:
Birgitta Karolina, Linnea e Peter.
"A vida é só um
arco cruel e sensual desde o nascimento até a tumba".
Esta a lição do
professor de matemática para sintetizar sua proposta de um filme. Para o
diretor/ator esta síntese encerra o filme dentro do filme (*).
Por sua vez, em
1949, em seu primeiro filme em "que teve pela primeira vez a oportunidade de dirigir um
roteiro próprio, sem ser adaptado de peças de teatro, de outros enredos ou
coescrito por algum colega', Bergman introduz o diálogo com o outro, que
são seus interlocutores, sua plateia, gerando muitas reflexões desde as
influências literárias e filosóficas.
É um cinema que quer dialogar, provocar reflexões e
que abrirá novas perspectivas para a arte, além do entretenimento, mesmo nas
comédias esta marca fincará um sulco profundo nas nossas mentes.
São filmes que não mais sairão da nossa consciência
a nos indagar sobre deus e seu silêncio, sobre a morte e sua presença a aceitar
o desafio do jogo, nos questionando sobre a solidão e o abandono.
A sinopse
"Martin, um jovem diretor do cinema,
recebe a visita de seu antigo professor de matemática, que lhe sugere para
fazer um filme em que o Diabo declara que a Terra é o verdadeiro inferno. A
princípio, o diretor rejeita a ideia, mas os acontecimentos que se seguem
na vida de um escritor seu amigo e da jovem prostituta, que ele ama, parecem
provar a ideia do professor de matemática."
(*) Prisão começa com este diálogo do professor de matemática com o diretor e os atores:
O professor
de matemática saiu do sanatório e leva ao diretor de cinema a proposta de um roteiro:
- Um filme
sobre o inferno. Começa com uma proclamação do diabo:
"Ao
assumir o controle das nações e da população da Terra, gostaria de fazer o
seguinte decreto:
"Tudo
continuará o mesmo. A bomba atômica será declarada ilegal para impedi-los de
escolher a saída mais fácil. O homem que despejou a bomba sobre Hiroshima será
julgado e condenado à morte como inimigo da Humanidade"
- Sentimos
falta do caos, somos como coelho na cartola do mago (diretor)
- Eu lhes
daria um conselho: Após a vida vem a morte. Isso é tudo o que precisam saber.
Os sentimentais e os medrosos podem buscar consolo na religião. Já os cansados
e indiferentes podem cometer suicídio.
- Então, o diabo
não fechará igrejas e banirá a religião?
- Pelo
contrário, ele irá apoiar o interesse da humanidade pela religião. Tal
interesse tem, na verdade, promovido o seu sucesso.
- Um filme
como este não poderia usar conceitos como certo, errado, pecado, mal etc.
- Seria
terrível negar à humanidade tais pontos de referência.
- Qual é o plano
do diabo? Os grandes políticos tem uma plataforma.
- Satã não
tem plataforma. este é o segredo do seu sucesso. Seu oponente, provavelmente, perdeu porque tinha muitas.
- Maléfico?
- Não, as
pessoas entendem a sua benevolência. Todas as ações dele têm como objetivo
satisfazer suas necessidades mais íntimas.
- Quem criou
tais necessidades?
- Satã.
- Então,
deus morreu?
- Deus está
morto, derrotado. Deve admitir que é mais fácil ver as coisas por esse ângulo.
A vida abre caminho como um arco cruel e sensual do berço ao túmulo. Uma obra
prima cômica. Ao mesmo tempo bela e hedionda, sem misericórdia ou sentido.
Então, há o diabo. Geralmente, ele é um símbolo ou testa de ferro. O diabo reina
sobre esse inferno que é a Terra.
Duas críticas que nos ajudam a avançar a compreensão dessa obra gigantesca:
https://www.planocritico.com/critica-prisao-1949/
http://criticos.com.br/?p=2010&cat=3
Prisão (1949)
Neste seu sexto filme, Ingmar Bergman teve
pela primeira vez a oportunidade de dirigir um roteiro próprio, sem ser
adaptado de peças de teatro, de outros enredos ou co-escrito por algum
colega.
Baseado em um conto não publicado do
próprio diretor (um conto chamado Uma História Verdadeira, brincadeira
com as tramas de folhetins dos anos 40, que faziam questão de usar a chamada “uma história real” em muitas de suas publicações), Prisão,
lançado em 1949, apresenta uma série de primeiras vezes do diretor, o que faz
com que muita gente classifique a obra como sendo o “verdadeiro primeiro
filme de Ingmar Bergman“. E por mais que essa afirmação traga seus
vícios, uma coisa é inegável: Prisão se parece muito mais com
o que chamamos de ‘cinema bergmaniano’ do que os outros cinco filmes que o
antecederam.
A história, escrita por Bergman durante o
período de descanso, depois das filmagens de Porto (1948),
não lhe é estranha, mas a forma como foi contada e as características centrais
do texto já mostravam um bom amadurecimento do artista.
Primeiro temos um filme dentro do filme,
cuja produção é interrompida pela chegada de um antigo professor do diretor,
que aproveita o horário de almoço da equipe para conversar com o ex-aluno sobre
uma ideia, algo que ele acreditava que precisa ser filmado. Em resumo,
levanta-se a possibilidade de o inferno ser a própria existência humana na
Terra (que era o que Bergman acreditava, a esta altura).
Este filme fictício traria, portanto, um
domínio do diabo sobre o mundo — mais ou menos como a nossa versão machadiana
em A Igreja do Diabo — e a humanidade veria que seu governo é
exatamente como o de Deus. Segundo o professor, baseado na filosofia de
Nietzsche, Deus está morto, derrotado. O homem, seus valores e as ciências é
quem verdadeiramente dominam.
Daí passamos quase despreocupadamente
para o núcleo de Prisão, a história de Birgitta Carolina (Doris Svedlund),
uma prostituta de 17 anos que engravida e, por diversos motivos, tem sua filha
retirada de si. Todos os elementos básicos da tragédia estão lançados desde
muito cedo no filme, e se descontarmos a reticente passagem do Prólogo * (cujo
fim é marcado por um narrador que quebra a quarta parede e nos apresenta os
créditos, em uma elegante evolução narrativa que o diretor já tinha
usado em Chove Sobre Nosso Amor) e a terrível coincidência da reentrada
do professor no final do filme, que estraga a cadência do texto naquele momento
(e isto é algo que poderia ser resolvido com uma simples indicação de que eles
estavam esperando o professor no estúdio), temos uma obra forte, com temática
polêmica muito bem retratada e grande cuidado estético; a segunda melhor
direção de Bergman até este momento de sua carreira, ficando levemente atrás
de Chove Sobre Nosso Amor.
Ao longo do filme desfilam os chamados
“pecados” cometidos neste “inferno na Terra”, rapidamente punidos ou pelo acaso
ou pela culpa que os próprios pecadores sentem. O diretor enxerga a tragédia
como um elemento natural, uma frágil membrana que às vezes é rompida e machuca
os que estão diante dela. Da mesma forma é o mal, visto como um componente
da humanidade, tal qual o bem. Notem que o roteiro torna a mitologia cristã
parte da realidade, fazendo das forças místicas, impulsos humanos que podem ou
não vir à tona em determinadas situações. Assim entendemos o por quê das
desgraças e tremendo furor existencial que acometem os personagens de Bergman.
É como se eles estivessem o tempo inteiro na linha tênue entre as duas forças,
ora experimentando um lado, ora padecendo do outro.
A excelente interpretação de Birger
Malmsten se destaca na película e ele dá vida a um personagem
que de certa forma nos lembra muito os que vivera em Um Barco Para a Índia (1947) e Música na Noite (1948), homens atormentados que mesmo
tentando disfarçar ou fugir de seus dissabores, acabam pegos indiretamente
pelas desgraças do mundo. E notem que até na comédia slapstick dentro
do filme, onde vemos a primeira aparição da Morte em um filme de Bergman, esse
critério se mantém. Tais forças incontroláveis, sem regras e que a
religião se recusa a acreditar que possam ter sido obra de Deus (atribuindo-as,
portanto, ao Diabo) é uma das ironias propositalmente colocadas no filme e que
problematizam ainda mais o destino trágico dos personagens.
Com uma sequência amplamente comentada —
a bela, psicanalítica e perfeitamente fotografada e dirigida cena do sonho de
Birgitta — e um final desalentador, Prisão é um grande soco de
realidade no público. A obra pode ser utilizada para discutir aborto, suicídio,
prostituição, conceitos de bondade e maldade, religiosidade, culpa, convenções
sociais e cerceamento de liberdades individuais, dando a principal
justificativa para o título, que apesar de ser claramente uma representação do
estado mental e emocional da protagonista, nos dá a versão final do que é estar
no inferno na Terra… uma eterna prisão, a despeito de todos os discursos de
liberdade que se possa querer ou fazer.
3 de setembro de 2017
https://www.planocritico.com/critica-prisao-1949/
PRISÃO – PORQUE O 6º FILME DE BERGMAN É CONSIDERADO
"O PRIMEIRO"
Luiz Fernando Gallego
O FUTURO NO PASSADO
Apenas sobre
a abertura do filme: escuta-se um som seco breve, estridente e metálico - em um
amplo espaço deserto, açoitado pelo vento, sob uma luz fria e difusa, caminha
um senhor idoso. Ele se dirige a uma grande construção mal definida, uma
espécie de galpão.
Quando ele entra o espectador se dá conta de que é um estúdio de filmagens: há
maquinistas transportando pedaços de cenários, técnicos testando a iluminação;
mal se percebe algo que talvez seja uma claquete (e seu som quando é fechada) -
e em seguida, o tal senhor abre uma porta que é parte de uma parede-cenário; e
tão logo ele a atravessa, a “parede” (com a porta) se desloca para a esquerda,
carregada por operários.
Ele cumprimenta um homem que estava dirigindo uma cena e que o reconhece como
seu antigo professor de matemática. Este se diz egresso de um “sanatório”
(termo ambíguo nas legendas e que de fato seria um asilo psiquiátrico). Ele
veio sugerir a seu ex-aluno um tema para ser filmado: o inferno.
Assim começa Prisão (Fängelse, título original), de 1948, o primeiro filme
verdadeiramente de autor de Ingmar Bergman –
ou seja, aquele em que direção, argumento e roteiro são assinados pelo
cineasta.
Na já clássica monografia de Jacques Siclier sobre o cineasta (1961, Éditions
Universitaires, Paris), um capítulo inteiro (cuja descrição do prólogo do filme
foi parafraseada acima) é dedicado a esta obra que, se ainda não é exatamente
uma das muitas “obras-primas” de Bergman, merece ser considerada como uma
excepcional “opera prima” (primeira obra) do grande realizador
sueco, de quando ele tinha trinta anos de idade.
Cabe assinalar que o que foi resumido anteriormente ainda não é o filme
propriamente dito. O idoso professor ainda vai discorrer, sob olhares
sarcásticos e risos de membros da equipe de filmagem, sobre sua concepção de
como seria o tal filme sobre o inferno: um inferno absolutamente prosaico e
cotidiano, com o mundo terreno dominado por Lúcifer e, de certa forma, ligado ao
(na época) recente holocausto atômico de Hiroshima. Quem lançou a bomba seria
condenado pelo próprio diabo, só que por ter propiciado “a saída mais fácil” (a
morte) - motivo pelo qual a bomba também seria proibida aos humanos.
O demo não fecharia as igrejas nem baniria as religiões que, “na verdade, vêm promovendo seu sucesso”. Os conceitos
de “certo e errado, mal ou pecado” seriam mantidos para que
não fossem negados à humanidade tais “pontos de referência”.
Questionado se o capeta teria “uma plataforma como fazem todos
os políticos”, o idoso afirma que “não ter uma plataforma é o
segredo do sucesso” de Satã – e acrescenta que “seu oponente perdeu, provavelmente porque tinha muitas plataformas”.
Por que chamá-lo de ‘Maléfico’ se êle é uma força “benevolente em satisfazer nossas necessidades mais íntimas”?
Deus está “morto ou derrotado” e a vida não passa de “um arco cruel e sensual do berço ao túmulo, uma grande obra-prima
cômica, bela e hedionda, sem misericórdia ou sentido” – e daí... há
o diabo, “um símbolo ou um testa-de-ferro” que “já reina sobre este inferno que é... a Terra”.
Vale aproximar algumas idéias tangenciais expostas no filme sobre o que seria o
“inferno” do século XX, segundo Bergman(*) com trechos geniais de A Igreja do Diabo, um dos grandes contos “filosóficos”
de nosso Machado de Assis.
Mas ainda estamos com menos de seis minutos de filme e, antes dos créditos,
temos outra cena, em que o diretor de cinema comenta com um amigo jornalista,
Thomas, e a companheira deste, Sofie (Eva Henning), a proposta “impossível” do
velho, sendo que Thomas (Birger Malmsten, ator-assinatura da primeira fase de
Bergman) tem um artigo que não conseguiu concluir sobre uma jovem prostituta
explorada por seu namorado e pela “cunhada”, totalmente amorais. O espectador
vê um flash-back da entrevista com a moça, Birgitta
Karolina (Doris Svedlund), mas o cineasta do filme diz não ter encontrado
material para rodar nada a partir do que Thomas lhe conta.
Com mais de 10 minutos de filme é que a ficha técnica e os créditos são
informados por uma voz em off: não surgem escritos na tela, tal como, 18 anos
depois, em Farenheit 451 - porque na
história filmada por Truffaut a partir do romance de Ray Bradbury, a leitura e
a escrita estariam interditadas. Em Prisão, há um filme,
ainda em processo, dentro do filme que estamos assisitindo - e que talvez nunca
se realize: quais créditos registrar?
Os nomes da equipe são enunciados simultanemante a um longo travelling para frente em uma rua cheia de lojas e
a mesma voz masculina informa que “esta foi a introdução de nosso
filme” e que estamos agora em “um meio-dia nublado de
dezembro, quando todos estão com pressa”. Em uma esquina, a câmera
se detém e a voz anuncia: “Vejam: é Brigitta Karolina -
que se apóia em uma parede.
O filme propriamente dito vai começar, com enredos paralelos sobre a jovem
prostituta e o casal Thomas e Sofie. Estes dois atores interpretarão outro
casal (muito semelhante) no filme seguinte de Bergman, Sede de Paixões (1949), centrado na discussão do
casamento, tema ao qual ele frequentemente retornaria.
Aliás, a maior importância de Prisão está no
seu caráter seminal: praticamente toda a obra bergmaniana está resumida e
antecipada neste pequeno grande filme de apenas 80 minutos.
É verdade que o desenvolvimento do enredo em sua parte central ainda engloba
lances algo moralistas e melodramáticos dos cinco filmes anteriores que ele
dirigiu antes, provavelmente atendendo ao ideário cinematográfico sueco do
pós-guerra, influenciado pelo cinema francês de Marcel Carné e Jacques Prévert
(Cais das Sombras, Le Jour se leve, Os Visitantes da Noite, Boulevard
do Crime/Les Enfants du Paradis).
Mas Bergman foge da breve influência do neo-realismo italiano de Rossellini que
se encontrava em seu longa anterior (Porto). O que se vê
agora, conforme o título do capítulo em que Siclier analisa Prisão é Pirandello (sem pirandelismos vulgares) e
Sartre - sem que “o inferno sejam os outros” na forma de compreensão equivocada
sobre a alteridade que tanto irritava Sartre, já que para o filósofo, sua
famosa frase pretendia apontar para o risco de congelamento do ser (em sua
auto-imagem) na imagem especular em que os outros tendem a nos aprisionar.
Quando nos submetemos a isso é que “o inferno são os outros”.
Mas, além de Nietzsche (“deus está morto ou derrotado”), o que norteia o filme
é mesmo... Bergman - ou melhor dizendo: o futuro Bergman.
A morte faz sua primeira aparição, muito antes de O Sétimo Selo (1957) em um pequeno filme mudo de
pastelão (que Bergman mesmo realizou) mas que, na diegese do enredo, seria
antigo e visto em uma máquina de projeção da infância de Thomas (equivalente à
“lanterna mágica” da infância do diretor e que é o título de sua autobiografia,
além de vista em Fanny e Alexander, de 1982).
Este filmete seria reutilizado 18 anos depois, em trechos de Persona, radicalização de uma proposta mais do que a
pirandelliana de Prisão (em que há personagens à procura de um autor). Mais do que apontar
para “filmes dentro de filmes”, Bergman tentaria um “distanciamento” brechtiano
na forma de Persona e na dos
subsequentes Hora do Lobo (’67), Vergonha (’68) e Paixão de Ana (1969).
Mas algum “distanciamento” já se insinuava no filme de 1948: afinal, como diz
Siclier, “ Prisão é a história de um filme
que poderia ter sido feito, mas jamais se fará” - e que, no entanto,
é visto pelo espectador quando tem acesso às vidas de Thomas, Sofie e Birgitta
Karolina".
Já mencionamos os casais em crise de Sede de Paixões, um
tema recorrente na filmografia do autor, seja em Quando as Mulheres esperam (’52), Sorrisos de uma Noite de Amor (’55) ou,
principalmente, em Cenas de um casamento (’73)
- dentre outros. Sonhos “strindbergianos” - ou cenas oniróides -, tal como
em Morangos Silvestres (’57) e tantos outros de seus
filmes, também tem importância visual e narrativa em Prisão.
Mais do que no enredo, que pode soar um pouco datado para muitos, a forma da
narrativa visual - e as idéias - permanecem atuais: a maturidade
cinematográfica de Bergman já se faz notar antes mesmo de ter encantado o
crítico de cinema Jean-Luc Godard com Juventude (’51)
e Monica e o Desejo (’53); e antes das obras-primas
da década de 1950 que vão de Noites de Circo (’53)
a Morangos Silvestres, passando por Sorrisos... e Sétimo Selo, para
não mencionarmos a “trilogia do silêncio de Deus” do início da década de ’60 (Através de um Espelho, Luz de
Inverno e O Silêncio): mas Deus já está “morto ou derrotado”, uma impossibilidade
silenciosa em Prisão.
Até mesmo a intriga do filme é defendida por Siclier no sentido de que “a originalidade do argumento não reside no casal em revolta contra
a sociedade, nem no personagem ‘simbólico’ do professor, nem no clima “noir” da
prostituta, cafetão, indivíduos inadaptados, alcoolismo e desespero; mas na
utilização das situações já conhecidas como, ao mesmo tempo, uma demonstração e
um inventário: trata-se de um ‘filme-chave’. Podemos não conhecer seus filmes
anteriores sem que se perca algo de essencial, mas não se pode conhecer e
compreender Bergman sem ter visto Prisão onde encontramos a
posição do homem e do artista Bergman: desconcertante, mas tal como o
conhecemos hoje.” (Siclier, 1961)
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(*)Mais detalhes do discurso do personagem sobre o tema podem ser vistos por
quem alugar ou adquirir o DVD da Versátil Home Vídeo, recentemente lançado no
Brasil em telecinagem que preserva a qualidade fotográfica e sonora do original
– e que só foi exibido no Brasil por ocasião de uma mostra Bergman pelo grupo
Estação Botafogo há bem mais de dez anos – e que parece não existir em DVD nos
EUA – onde é chamado de The Devil’s Wanton,
embora já tenha sido lançado na Europa - como em Portugal - Um dvd desta origem
foi cedido por Julio Miranda em uma homenagem que promovemos na Sociedade
Brasileira de Psicanálise do RJ em 2007 quando da morte do cineasta).
DVD Versátil em preto & branco (original), 78 minutos.
Áudio original em sueco com legendas em português.
Extras: quase os mesmos de outros filmes de Bergman lançados pela Versátil:
slides de vida e obra e trailers de outros DVDs. Esta distribuidora vem
lançando, em 2010, um filme de Bergman por mês, dentre os menos conhecidos e
mais antigos, em ordem cronológica (excetuando-se desta ordenação os que já
foram lançados anteriormente) sendo o próximo, Sede de
Paixões.
OBS.: Geralmente os lançamentos da Versátil, com raras exceções parciais, têm
ótima qualidade de som e imagem, diferentemente dos videos de outras lançadoras
nacionais de filmes “clássicos” em formato dvd - e que são verdadeiros
“piratas”. Voltaremos ao tema em um próximo artigo sobre Infâmia, de William Wyler, na primeira versão de 1936,
que foi copiada de um canal de TV a cabo – diferentemente
da versão de 1961 do mesmo cineasta, lançada com boa qualidade pela Versátil.
10.07.2010
http://criticos.com.br/?p=2010&cat=3