As palavras da minha vida não têm definições
Não se encontram em verbetes
Não têm sinônimos
Não são letras apenas,
São palavras silenciosas
que escrevo com as mesmas palavras de todos
Dizendo para mim o que eu entendo
Explicando para mim o que eu falo
(É falso? Não sei. É verdade? Não sei.
O que importa? O que interessa?)
Não acendo vela aos santos
(nunca acendi e não me sinto menos e nem mais por isso)
Amei decentemente uma mulher
(Um dia, um dia, por isso não morri)
Já fui vagabundo, já fui valente,
Triste também, alegre também
Vi a morte rasgar o meu peito de dor
E a morte arrancar de meus braços
uma vida que eu trocaria pela minha
Vi, vi, sim, vi lágrimas em meus olhos
(É verdade! Eu olhei no espelho, eram verdadeiras, eram lágrimas mesmo!)
Diante de mim, vi o pavor,
o susto, o pavor, o susto, o horror.
Vi o homemcão arrastar-me e pedir-me,
Senhor da vida e da morte!
Sua vida, um resto de vida
E eu disse não
(É preciso saber dizer não!)
Vi também diante de mim o meu fim
e arrastei-me como um cão,
(igualzinho um cão,
rabo entre as pernas)
Queria a minha vida
e consegui
Para depois, enojar-me.