No topo do mundo
O homem das alturas
Quando o conheci, vestia calças largas,
naquele mundo frio do alto do céu,
nas terras dos bolivianos AYMARAS,
vestia tantas roupas
que calculava o peso a mais que carregava,
vestia tantas roupas
que calculava o peso a mais que carregava,
talvez por isso ficava mais parado,
quase estacionado.
Era um homem veículo de transporte de roupa.
Aquilo agregava um cheiro forte, que caso
fosse apanhado, inteiro, como estava, dali
e transportado para o centro de um desfile de
escola de samba, no Rio, não ficaria um cristão
por perto, solto em um salão de baile funk,
muita gente desmaiaria.
Era um cheiro fundamental em um lugar
bem perto do teto do céu.
Eles o chamavam de “o pensador”, enfim,
era um homem solitário, de frases curtas.
Aproximava-se dos ambientes quentes e ouvia,
ouvia, se seus olhos fossem encontrados,
neste momento percebia-se
que ele até mesmo podia sorrir.
Tudo muito rápido, pois nestas ocasiões,
ele saia como uma estrela que se apaga no céu,
naquela altura muitas estrelas se apagavam.
Ele desaparecia mais rápido do que estas estrelas.
Era este o homem.
Depois que ele saía, a diversão das pessoas
acotoveladas na pensão,
no bar, no armazém, no puteiro,
hospital, cabeleireiro, consultório odontológico,
escola,
surgiam as histórias.
Quem era aquele homem?
Todos o conheciam e tinham alguma coisa a falar sobre ele,
casos, diálogos, memórias.
Mas era apenas um homem do topo do mundo.