quinta-feira, 8 de abril de 2010

FALO

Poesia ditada










A menina poeta está sentada, empertigada



De óculos, magra, rosto com marcas no rosto



Ela tem 263 poesias manuscritas



Na academia, declamou a sua melhor poesia



As rosas



A menina poeta sobreviveu



Debate-se naquela água



E tem medo de afogar-se



Diz segura do político



É inimiga do político



Fala da poesia e do fazer poesia



De Pound, as boas lições



Fazer poesia, é fazer a liberdade



Libertar-se



Fazer poesia é construir,



Voltar sobre o feito, fazer de novo



Não conter-se



São palavras



Entram definitivas na memória



Talvez pelas rimas, talvez pela métrica



Talvez pela matemática dos astros



O sentido



Definitivo



Sempre sempre revolucionário



Ela gosta de dizer suas poesias



O mar está agitado



Cada gota de água é uma pessoa



E as pessoas estão todas ali



Ela encontra tempo, contente,



Para dizer sua poesia,


a sua segunda poesia



Depois de



As rosas



A poesia tem que ser falada



Esta segunda poesia é uma poesia


curta e direta



Ela olha em tudo o que sou eu


No mar, isola-me


No tumulto, elimina os sons


Só ouço a sua voz



Ela fala a poesia


As rosas


Contaminam-me



É a poesia definitiva



Ali, naquele momento



O alo sobre o qual



Ela quer e se debruça



Suculenta



Seu embriagar-se



Devorar-me



Sugar-me



Ela saliva, ela baba



E some.



Traga-me



Não ouço mais nada.



A poesia dita



É sublime. 


Como


as rosas