Poesia ditada
A menina poeta está sentada, empertigada
De óculos, magra, rosto com marcas no rosto
Ela tem 263 poesias manuscritas
Na academia, declamou a sua melhor poesia
As rosas
A menina poeta sobreviveu
Debate-se naquela água
E tem medo de afogar-se
Diz segura do político
É inimiga do político
Fala da poesia e do fazer poesia
De Pound, as boas lições
Fazer poesia, é fazer a liberdade
Libertar-se
Fazer poesia é construir,
Voltar sobre o feito, fazer de novo
Não conter-se
São palavras
Entram definitivas na memória
Talvez pelas rimas, talvez pela métrica
Talvez pela matemática dos astros
O sentido
Definitivo
Sempre sempre revolucionário
Ela gosta de dizer suas poesias
O mar está agitado
Cada gota de água é uma pessoa
E as pessoas estão todas ali
Ela encontra tempo, contente,
Para dizer sua poesia,
a sua segunda poesia
Depois de
As rosas
A poesia tem que ser falada
Esta segunda poesia é uma poesia
curta e direta
Ela olha em tudo o que sou eu
No mar, isola-me
No tumulto, elimina os sons
Só ouço a sua voz
Ela fala a poesia
As rosas
Contaminam-me
É a poesia definitiva
Ali, naquele momento
O alo sobre o qual
Ela quer e se debruça
Suculenta
Seu embriagar-se
Devorar-me
Sugar-me
Ela saliva, ela baba
E some.
Traga-me
Não ouço mais nada.
A poesia dita
É sublime.
Como
as rosas