segunda-feira, 5 de abril de 2010

NOITE E DIA DE CHUVA

Fina




                                                                                                                   arte.vital.zip.net/arch






Ela caminha pelo asfalto molhado.


A cada momento, a água no asfalto


é rasgada pelas borrachas velozes






Ela atravessa a chuva fina


caindo na quase-madrugada


de um ainda nem quase dezembro






Ela carrega roupas vermelhas,


brancas, azuis, muitas cores, muitas cores


dependuradas em uma única umidade






A chuva caíra toda a noite, forte, fraca,


fina, em cântaros, fora uma só voz, uma voz


que se dilacera no ar e que no chão encontra


sua palavra repetida, saltitantes e horrorosa.






No dia, a chuva abre mal as portas da luz,


mantém-se penumbra, fria, molha as mãos


e sapatos, por toda a extensão


da imensa rua asfaltada,


ela segue, passo a passo, cabeça baixa, chovendo