Fina
arte.vital.zip.net/arch
Ela caminha pelo asfalto molhado.
A cada momento, a água no asfalto
é rasgada pelas borrachas velozes
Ela atravessa a chuva fina
caindo na quase-madrugada
de um ainda nem quase dezembro
Ela carrega roupas vermelhas,
brancas, azuis, muitas cores, muitas cores
dependuradas em uma única umidade
A chuva caíra toda a noite, forte, fraca,
fina, em cântaros, fora uma só voz, uma voz
que se dilacera no ar e que no chão encontra
sua palavra repetida, saltitantes e horrorosa.
No dia, a chuva abre mal as portas da luz,
mantém-se penumbra, fria, molha as mãos
e sapatos, por toda a extensão
da imensa rua asfaltada,
ela segue, passo a passo, cabeça baixa, chovendo