segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O QUE É A POESIA









A FARRA DA VIDA

Para o jovem Stefan, de Calarai, na Romania





1. Não discuto a minha poesia. Não explico a minha poesia. Discuto e explico a poesia. Deve-se discutir e explicar a poesia. Tem fundamentos, tem estruturas, tem vocabulários, sintaxes, superficialidades e profundidades. Poemas são grandes lagos ou grandes oceanos ou pântanos. É onde a linguagem tem seiva. Onde nasce na linguagem, nasce o entendimento.






2. A palavra poesia, assim como para os religiosos, para algumas igrejas e seitas, em função de rituais e de cautelas, palavras são símbolos e objetos de cuidados. A palavra poesia pela sua singularidade e significação, entre os homens, entre todos os homens, deveria ser cercada de alguns cuidados. Algo como um mandamento, não dizer este nome, tão santo, tão puro, tão essencial, tão fundamental, em vão. Não dizer poesia em vão e dizê-lo sempre, pois a fazemos todo o tempo. É a vida. E a vida é a pura poesia.





3. A poesia não é só o fazer, não é só o ritual. Existe um tema, uma abordagem, um problema. A questão poesia, a questão poética, a questão poeta chamaríamos, nesta ponderação, para efeito de análise, embora a soubéssemos diversa, múltipla, de “a questão vital”.








4. A questão é que a poesia é o ser do homem, enquanto vida, natureza. Expressa-se no olhar de uma criança, em um vegetal, numa flor, em uma árvore, chega pela beleza, pela alegria e pela dor, chega ao amanhecer e na noite alta, em dia claro, com a chuva, a poesia está em tudo e está em todos, está aqui, agora e está eternamente. Chega na voz cantada e é enorme alegria.








5. A natureza humana por ser poética é bela e é o seu contrário, é maravilhosa e é o seu contrário. Simples e complexa, com palavras e sem palavras, com imagens e sem imagens. Está aí. Dificilmente não será percebida pelos sentidos, por todos. Poesia tem cheiro e sabor. Poesia tem tato. Todos os sentidos e todos os outros sentidos.








6. Fique claro, então, não é que não queira falar de poesia. Abstraindo a questão, mergulhamos neste oceano e ele nos envolve e dá vida, nele não se afoga, embora muitos optem por encerrar sua vida em suas profundidades.








7. Se sou claro, sou poeta.






8. Quero falar do corpo. O que traz um corpo? O que revela um corpo? O que se destaca em um corpo e o que é a sociedade em função desta observação ou do destaque que se dá a partes do corpo ou a sua totalidade? Corpo é poesia. Pura poesia. E o detalhe também. O corpo tudo dignifica.








9. Na China, os pés pequenos das mulheres e tornados pequenos por recursos tecnológicos. Os cabelos das mulheres gregas. As gordas italianas de Torriceli. As bundas das africanas. Os peitos fartos das européias. Os olhos das atrizes. As bocas grandes e os lábios carnudos. A pele morena das mulheres tropicais. As pernas magras das mulheres dos trópicos. E tudo começa com o pau do homem e o símbolo fálico como sinal de fartura, de colheita e de fertilidade.






10. Na tela, o que surge e com detalhes, com ângulos criativos? A mais bela e a mais exuberante e estarrecedora poesia: a Vida.