quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A ORIGEM DA VIDA

A ORIGEM DO MUNDO

A Origem do Mundo, 1866, de Gustave Coulbert, Musée D´Orsay, Paris





1.

- Mãe!

Ouço o grito. A voz forte é de um rapaz.

Ele repete o grito três vezes.

Na madrugada, este grito destaca-se.

Eu acordei com o primeiro grito porque foi perto da minha janela.

Ouvi com nitidez os outros dois e doeu em mim, com o grito a sensação da perda. 


Algo como um aleijão, não poder dar este grito.

Eu não mais posso gritar esta palavra - mãe.

Ela não mais me ouvirá. Não mais me responderá.

Não mais me acudirá para reduzir minha febre, acabar com os meus medos.

É uma dor muito profunda.

Dor que não dói como dói quebrar uma perna, dor que embrulha o estômago. 


Dor que não dói como a dor da tortura infame, aquela dor que dói em todos os homens.

É uma dor que só a mãe e o filho conhecem – e que só a mãe atende.

Os gritos do rapaz foram nítidos e a audição perfeita na madrugada silenciosa.

- Mãe!

- Mãe!

- Mãe!


(Olegário Augusto, de Petrópolis, RJ)



2.


Lutero lutou para introduzir no conceito de data de aniversário, uma nova cerimônia e novo ritual.

A data deveria ser desindividualizada. 


Tirar este negócio concentrado na pessoa que nasceu.

Ampliar o conceito e ser o primeiro ato do dia do aniversário o reconhecimento da maternidade. 


Como ato final do ritual, a festa do filho, mas como ato inicial a festa da mãe.

O dia do aniversário deveria ser uma festa que começasse com uma grande homenagem à mãe. 


Ela deveria ser presenteada, para ela deveria haver cantos e mais cantos. 


Ela é a vida verdadeira daquele ser gerado. 


O primeiro presente deveria ser para a mãe de quem recebemos, todos, o maior de todos os presentes: a vida. 


A origem de tudo.

Ali estava a origem da vida – a origem do próprio mundo segundo testemunho do pintor Gustave Coulbert, em 1866.

Radicalizando esta baboseira, um bom amigo, nos seus 60 anos, abandonado pela mulher e vivendo com uma puta sugadora, lamentava-se com as seguintes frases:

- Mãe, pra que você pariu? Mãe, por que você meteu?

E mastigava com vagar seu pastel de carne.

O lamento profundo, irônico e sentido, condenava a vida que se vivia, mas devolvia à mãe a possibilidade do não existir - que é só dela.

Afinal, toda mãe quer o filho e o quer para toda a vida, se possível para a eternidade. 


E todo filho é eterno, eternamente amado... e só eternamente amado... pela mãe.

(Há alguns casos, extraordinários de amor eterno. Há.)


(Honório Bicalho Filho, de Juiz de Fora, Minas)


3.

O BILHETE


Filha,

estes intróitos é para protestar contra o tratamento que uma filha/filho dá à mãe.

Sua mãe é a melhor mãe do mundo - todas.

Vai com calma.

Há que compreender a revolta. Mesmo não justificadas

Não faça sua mãe chorar,

a não ser de felicidade com a sua felicidade.

Reconheça a luta das mães, quase sempre sozinhas,

quase sempre uma luta solitária, apenas por vocês.

Valorize tudo o que ela faz.

Ela faz pelos filhos, por você.

Se quiser, um dia, imaginar o tamanho do amor que ela (a mãe) têm

e a beleza que ela (a mãe) guarda,

você será a filha mais feliz do mundo.


E eu, apenas, só, um pai,

te amo,

(Zé Antônio Prates, Foz do Iguaçu, Paraná)