terça-feira, 29 de outubro de 2013

DUPLICATAS









Um poema de Mário Benedetti




Belo Montevidéu Horizonte


Ataulfo Braga





Melhor conheci Belo Horizonte


em Montevidéu,


percorrendo largas avenidas


gritando palavras na expressão


da alegria e da liberdade,


vi a bela belo horizonte espraiando-se


das madrugadas geladas do Parque Rodó,


para praias tão belas 


como a minha pequetita


Ramirez, onde uma única mulher 


dizia-se duas


multiplicava-se, ela e ela, 


duas formosas hermanas


Ramirez e Pocitos






Conheci antes dos poemas 


de Mário Benedetti,


as pernas grossas da bela sobrinha.,


Íntimo do poeta,


ouvi seus poemas 

como acalantos e acreditei


Gracias por El Fuego



“Ahora, hablo, com qualquier e com ninguno”



Percorrendo as ruas de El Cerrito,


entendi porque, menino, nunca me perdi,


nas montanhas do Curral.






Fui conhecer


melhor muitos belos horizontes


pelo cais do porto de Montevidéu


ao cortar suas ruas, certo, de que


encontraria a qualquer momento


outro exilado, Miguel Angel Astúrias,


para dizer-lhe meus poemas 


sobre seu week wend




Embriagado de sons, grandes discursos


em gigantescos discos de vinil,


disposto, como sempre, 


a ouvir a fala do comandante


e seguir, sim, sempre, 


meus próprios passos,


ler seu belo poema dito de memória


no Quartel de Moncada.





Um rapaz apaixonado


A ele só importa a paixão


Era só a paixão por tudo o que


Montevidéu me revelava


em seu belo horizonte.





Aprendi a amar uma cidade em duplicata.



De mulheres em duplicata.









.......