terça-feira, 20 de maio de 2014

LER É SER


O poema em minhas mãos

Horácio Horácio

Para Madeleine Strauss, de Udenhout, aldeia de Tilburg, Holanda


 
Tilburg, terra da Madeleine,e da única cervejaria trapista da Holanda



O poeta me pergunta pelo seu poema

O poeta olha para os meus olhos

diante de mim

diante do poema



Atento, o poeta acompanha

a leitura e o leitor



Versos após versos

o olhar atento do poeta

me vê e me espreita




Leio Horácio


Ele pergunta,

pergunta silenciosa,

quase inaudível,

para quem jamais ouviu estrelas



Leio o poeta e ele olha

o poema em minhas mãos




Os poetas são assim

lambedores de cria

desesperados com o desafio

de serem lidos e amados



No poema, o poeta se deixa

apaixonar-se pelo outro

e o poema em suas mão

é a metamorfose e o consumir-se

no outro e o que lê o poema

é de novo o poeta que nasce

em um novo e outro poema

que o poeta jamais imaginou

que retiraria daquela oliveira

milenária, seca, seca e cheia de frutos.