A
MORTE DE UM POMBO
Gerardo Nikolaievski
1 Tarde
fria, mais fria que o casaco
2 E
tudo doura e o sol por acaso na telha
3 Eu, de mãos nos bolsos, faz
um frio
de rachar
4 Acabam
agora os inúmeros voos
Acabam
num canto de paredes
Acabam
bem próximos do chão
5.
Nos telhados, inúmeros pombos
Sem
voar, solidários
Respeitam
o céu e o ser-voar
Não
mais voo
6 O vento e o frio sacodem o sol
no
canto da parede um gemer de calor
de
fogo de asas de agonia
7 tarde gelada em que
despedaça
junto
da parede
junto
do chão,
o
pombo cinza velho
o
sol abraça, na agonia
8 Atravessa de manhã, de mãos
No
sol, a agonia