quarta-feira, 25 de novembro de 2015

VIDA DOMÉSTICA





A arte de enlouquecer jabutis



Arturo B Artigas








Enlouquecer cachorro no norte de Minas Gerais e sul da Bahia é uma operação simples.


Primeiro, habitua-se os animais até uma certa idade no convívio doméstico a comandos simples com ordens precisas, diretas, objetivas para sair ou entrar na casa.


Depois, troca-se os comandos.

-         Saia para dentro!

-         Entre para fora!

O cachorro, em dois, três dias, enlouquece.



No laboratório de zoonose da Universidade Rural da Bahia, os índices estatísticos apontam para cerca de 95,3% de enlouquecimentos positivos de cachorros de diversas raças.

Os mais difíceis são os cachorros da raça Labrador, talvez até mesmo por inteligência e razões ocultas, os animais desta raça são poupados.

Os Pit Buls e congêneres são os que mais fácil e rapidamente enlouquecem. Um casal de Pit Buls da fazenda Maravilha, em Três Marias, comeram dois sem-terra e um cavalo Mangalarga, em menos de uma semana.

Já o trabalho com jabutis é muito mais complicado e até certo ponto sofisticado. Não se enlouquece jabutis com facilidade. Animais extremamente lentos no raciocínio comparados com os cachorros.

Uma das experiências desenvolvidas, primeiramente, na região de Machado, sul de Minas, fronteira com o norte de São Paulo, consistia em adequar o enlouquecimento de homens ao dos jabutis.  Não pela lentidão do pensamento do homem comparado com o do cachorro. Nem pela dificuldade de apreensão de comandos trocados.

Os homens enlouquecem quando, por exemplo, são chamados para nada ou para quase nada. O exemplo aprimorado, em Machado, e aplicado por uma mulher esposa consistia em acompanhar a saída do homem marido do quarto através de chamados.

O primeiro chamado se dava quando o homem marido levantava da cama.

Ele voltando faz-se qualquer pergunta – o importante é que seja sempre, se possível, sem sentido, como a hora ou como dar seqüência a qualquer conversa deixada para trás.

O segundo chamado deve atingi-lo quando ele, o homem marido, atravessar a porta do quarto.

Ele já voltará atingido, ainda um pouco ressabiado. De novo, tenta-se uma pergunta sem sentido (chove?) ou dá-se uma ordem esquisita 

(Deixe a mamadeira no banheiro!)

Se ele conseguir chegar até a cozinha, não escapará de um terceiro chamado quando passar pela sala. Insiste-se na pergunta ou na ordem sem sentido como o que irá fazer naquele dia, se passará por qualquer lugar, farmácia, padaria, livraria, hospital, o caraca.

Quando abrir a porta da sala, o quarto chamado já não mais o surpreenderá.

Ele fará todo o percurso de volta, aí não é nada ou a mulher esposa esqueceu do que queria falar. Coisas do gênero.

A partir daí, o percurso até a garagem torna-se um tormento, quase uma tortura.

Amigo, isto, repetido todos os dias, enlouquece qualquer ser humano em menos de uma semana.

As estatísticas de enlouquecimento de homem marido naquela região apontam números maravilhosos. Chega a quase 100%.

Apenas em Machado, o enlouquecimento atingiu cerca de 98%, isto porque não se pode computar as razões pelas quais os homens suicidam.

Com relação ao enlouquecimento de jabutis... aí é outra história