segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O AMOR SEM PREJUÍZOS





A MAIS FAMOSA

 

Antônio Vargas



Como começou a vida de Margô Santos Coelho, 

a puta Margô,Margarida, Zezé, Marília e um tanto de nomes em sua carreira a

 partir da Curitiba 32, a mais famosa casa de tolerância da cidade. É a história da 

sua primeira experiência que agitou a sua pequena cidade 

e a fez decidir assumir a profissão dita mais antiga 

e que inovou pela amplitude da sua arregimentação, “nenhum mulher é escrava”,

 dizia, acrescentando, “e nunca será do sexo, 

isto fica para os homens”. 

A inovação: nenhuma mulher era obrigada

 a permanecer na casa, poderia fazer a sua hora, 

na parte da manhã, depois de deixar os filhos na escola 

ou à tarde antes de arrumar a casa.




A HISTÓRIA, O COMEÇO


Margô apaixonada pelo Alberto, cercava-o de cuidados. Estava sempre próxima, mas a proximidade fora uma constante em suas vidas.

Vizinhos, a mesma idade, agora com 15 anos, os mesmos colégios, festas, brincadeiras, sempre juntos. O que nenhum dos dois contava foi com aquele dia de setembro. Época de festas na casa da família de Alberto, sua irmã mais velha casaria.

Por todos os cantos, os preparativos, gente cheia de movimentos, muitas coisas novas, papéis e panos, cheiros diferentes, palavras sérias e informações sérias saindo das bocas com e sem bigodes, como fazer, as providências, o depois, o que seria, o que aconteceria, nunca esquecendo dos antes, como dona Umbelina, a babá de todos, puxando recordações e misturando histórias.

Exatamente, em meio a tanta mexida, a tantos afazeres e a tantos homens, mulheres, meninos e meninas.

Exatamente no meio da tarde, gritos e correrias mudaram os rumos da festa de casamento para as providências médicas para salvar um ser humano que explodia em sangue nos lençóis, panos brancos, no chão, nas paredes, nos corpos, por todos os lados, sangue, sangue..

Ninguém imaginaria que isto poderia acontecer.

A verdade estava lá: os dois Margô e Alberto, envoltos em sangue e desesperados, amedrontados, sem entender o que havia acontecido e pedindo socorro.

Leandro, o irmão mais novo de Alberto, na época com cinco anos, lembra até hoje, ele agora com trinta e cinco anos, daquele momento 30 anos atrás. Era o medo, o desespero de não saber o que fazer. Alberto ensanguentado, chorando, Margô assustada, nua, no meio da cama.

Os peitos da Margô eram muito claros em sua pele morena, seus olhos muito bonitos, não eram tão bonitos quanto os seios.

Ela não chorava. Estava dura na cama.

Alguém jogou um pano sobre o seu corpo. O pano caiu entre suas pernas e os peitos imensos, duros, forte da Margô permaneciam lindos, firmes, intocáveis.

Leandro viu quando levantaram Alberto e tiraram o lençol sujo de sangue do seu corpo. O sangue jorrou forte. Um novo lençol para estancar o sangue.

O que acontecera? Leandro não entendia. Alguém perguntou o que Alberto fizera com a Margô. Viu, lá no alto, ele debaixo dos adultos, dona Virgulina falar, claro, em bom som, para o doutor Luís

-  Ela, Margô desvirginou ele, o Alberto.