quarta-feira, 8 de junho de 2016

OS FILHOS DE DARCY









 Darcy e as mulheres


Gustavo Amorim, antropólogo


Darcy, o autor  do povo brasileiro. O criador do povo brasileiro. Mais do que pensar o Brasil, Darcy criou um povo que orgulhar-se-á de ser povo e de ser brasileiro.

Encrencado, indisciplinado, inconformado, radical, ele preservava além da sua profunda indignação, a concepção de um mundo novo no novo mundo.

Difícil definir, desenhar os contornos desse mundo e desse homem, pois tudo nasce e nascerá desta constante provocação que é do ser do homem: a liberdade.

Ele apostou na história que leu e na antropologia que escreveu, na ciência que cultivou e nas nações que conheceu, sua grande vitória e sua maior derrota é uma só: o ser.


Por isso, Darcy percorreu suas mulheres como percorria seus sonhos e as páginas de seus livros, apalpava-os, acariciava-os.

Berta vai ao seu lado nas terras sem sombras e sem surpresas. Todas caminham muito próximas de suas mãos e de seus medos.


As bibliotecas de Darcy são como suas mulheres. Espalhadas em muitas cidades, algumas à beira mar, outras no mais profundo interior, dentro de florestas e cuidadas por outras mulheres, algumas mais mulheres do que outras, outras mais verdadeiras do que outras.

Todas ciumentas.