Darcy
e as mulheres
Gustavo Amorim,
antropólogo
Darcy,
o autor do povo brasileiro. O criador do
povo brasileiro. Mais do que pensar o Brasil, Darcy criou um povo que
orgulhar-se-á de ser povo e de ser brasileiro.
Encrencado,
indisciplinado, inconformado, radical, ele preservava além da sua profunda indignação,
a concepção de um mundo novo no novo mundo.
Difícil
definir, desenhar os contornos desse mundo e desse homem, pois tudo nasce e
nascerá desta constante provocação que é do ser do homem: a liberdade.
Ele
apostou na história que leu e na antropologia que escreveu, na ciência que
cultivou e nas nações que conheceu, sua grande vitória e sua maior derrota é
uma só: o ser.
Por
isso, Darcy percorreu suas mulheres como percorria seus sonhos e as páginas de
seus livros, apalpava-os, acariciava-os.
Berta
vai ao seu lado nas terras sem sombras e sem surpresas. Todas caminham muito
próximas de suas mãos e de seus medos.
As
bibliotecas de Darcy são como suas mulheres. Espalhadas em muitas cidades,
algumas à beira mar, outras no mais profundo interior, dentro de florestas e
cuidadas por outras mulheres, algumas mais mulheres do que outras, outras mais
verdadeiras do que outras.
Todas
ciumentas.