segunda-feira, 1 de agosto de 2016

EDIÇÃO ANTECIPADA










A GLOBO, Isto é




A captura de imagens



Roger Faustino





Como piloto, o fazendeiro e cafeicultor Alcântara transportou uma equipe da TV Globo que filmaria a destruição provocada pelas chuvas na região Leste de Minas Gerais.

No aeroporto, decidiu acompanhar a repórter e o cinegrafista. Não havia destruição nenhuma.

A repórter comunicou a realidade que via e recebeu instruções para garimpar as piores imagens que conseguisse obter e que fossem provas da devastação.

Não havia.

Diante da insistência de seus chefes, ela apelou para que indicassem para ela algum lugar que pudesse filmar mostrando alguma destruição.

Filmaram uma casa que começara a ser demolida antes das chuvas.

De noite, em casa, lá estava a reportagem  no Jornal Nacional mostrando os estragos causados pela água e o depoimento de um cidadão reclamando dos prejuízos que tivera.

O cidadão era o motorista da Van, contratado para transportar os profissionais da Globo, que não tivera nenhum prejuízo mas que colaborara com a reportagem. Mentindo. Um depoimento falso.


Relato de Alcântara:

"Meu gerente da fazenda de Vitória da Conquista ligou.

Queria autorização para deixar uma equipe da Globo filmar o cafezal.

Fiquei feliz, minha fazenda era bonita e bem cuidada.

Autorizei e recomendei toda a atenção com a equipe da televisão, dando o suporte que fosse necessário.

Duas horas depois, a equipe desistira de filmar a fazenda, pois a reportagem deveria mostrar a falência dos cafezais na Bahia.

Encontraram, em uma região distante, um cafezal abandonado há 20 anos e que não produzia mais nada.

A realidade da região era outra: expansão dos cafezais. Como em todos os negócios, investimentos cresciam por quem tinha condições e com mudanças de ramo por quem estava optando por outros negócios na agricultura e nas finanças."