sábado, 24 de setembro de 2016

NENHUM HETERÔNIMO











Se quiser me conhecer não me leia.


Não me leia, apenas.



Everaldo Augusto






Tudo é disfarce.

São armadilhas espalhadas em palavras,

cunhadas em versos,

citações e vírgulas.






Se quiser me conhecer,

não me procure.

Não me encontre.

Não estou onde poderia estar.

Estarei sempre 5 minutos

de qualquer lugar

- Saiu, não tem 5 minutos






Nem minha voz será a minha voz.

Nem meu grito é mais o mesmo.

Meu rosto?

Uma máscara?

Tenho duas máscaras

Três máscaras, mais, mais, mais

Hoje, sou um personagem

Amanhã, outro.

Várias personagens 

cunhadas em décadas vividas





Ainda não me inventei.

As paredes nuas, a casa vazia.

Não tenho abrigo e nem lugar

A vida, toda ela, solitária

em todos os personagens e sonhos.

Despeço-me quando chego.

A distância é a minha aproximação

A mentira, a minha verdade.

Tenho medo da coragem e da audácia.

E do que sou capaz