1971
Alejandro Paco Hernandez
As
palavras da minha vida
não
tem definições
Não
se encontram em verbetes
Em
nenhum dicionário
Não
têm sinônimos
Não
são letras apenas,
São
palavras silenciosas
escrevo com as mesmas palavras de todos
Diz
para mim o que eu entendo
Explica
para mim o que eu falo
Não
acendo vela aos santos
(mas
já acendi e não me sinto humilhado por isso)
Amei
decentemente uma mulher
(Um
dia, um dia, por isso não morri)
Já
fui vagabundo,
já
fui valente,
Triste
também, alegre também
Vi
a morte rasgar o meu peito de dor
E
a morte arrancar de meus braços
uma
vida que eu trocaria pela minha
Vi,
vi, sim, vi lágrimas em meus olhos
(É
verdade!
Eu
olhei no espelho,
eram
verdadeiras,
eram
lágrimas mesmo!)
Diante
de mim, vi o pavor,
o
susto,
o
pavor,
o
susto,
o
horror.
Vi
o homemcão arrastar-me
e pedir-me,
Senhor da vida e da morte!
Sua
vida, um resto de vida
E
eu disse não
(É
preciso saber dizer não!)
Vi
também diante de mim o meu fim
e
arrastei-me como um cão,
(igualzinho
um cão,
rabo
entre as pernas)
Queria
a minha vida
e
consegui.
Para
depois, enojar-me.