segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

DEBAIXO DO CHÃO









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1971



Alejandro Paco Hernandez






As palavras da minha vida

não tem definições

Não se encontram em verbetes

Em nenhum dicionário



Não têm sinônimos

Não são letras apenas,

São palavras silenciosas

escrevo com as mesmas palavras de todos




Diz para mim o que eu entendo

Explica para mim o que eu falo






Não acendo vela aos santos

(mas já acendi e não me sinto humilhado por isso)


Amei decentemente uma mulher

(Um dia, um dia, por isso não morri)


Já fui vagabundo,

já fui valente,

Triste também, alegre também

Vi a morte rasgar o meu peito de dor

E a morte arrancar de meus braços

uma vida que eu trocaria pela minha



Vi, vi, sim, vi lágrimas em meus olhos

(É verdade!

Eu olhei no espelho,

eram verdadeiras,

eram lágrimas mesmo!)



Diante de mim, vi o pavor,

o susto,

o pavor,

o susto,

o horror.



Vi o homemcão arrastar-me

 e pedir-me,


Senhor da vida e da morte!




Sua vida, um resto de vida

E eu disse não


(É preciso saber dizer não!)


Vi também diante de mim o meu fim

e arrastei-me como um cão,

(igualzinho um cão,

rabo entre as pernas)



Queria a minha vida

e consegui.


Para depois, enojar-me.