A mulher que Jayme perdeu
Meu golden retrievier
Bom demais ter um au au de mentirinha que é a mais pura
verdade.
Veja o que me fez conceber hoje:
Da porta do
céu escorre o mel
de suas doçuras
Vou lavando com devoção
e respeito
Vou secando com fé
e prazer
Mel dos seus
desejos
Mel da minha
loucura
Mel do santo amor
te love ya habib
4 jul 15:09
Guito, meu Jaymiguito
Eu te amo como nunca amei ninguém, nem nada, antes, na minha
vida. Com você, ou por você, descobri o que era afinal esse amor
sublime que julgava não existir. Esse amor que altera o metabolismo, os
sentidos. Um amor que me fez quase vidente, mil vezes mais sensível, e ao
mesmo tempo, vulnerável.
Estudei,
exercitei, e levei a sério, durante anos, e muito mais nos 15 últimos
anos, até encontrar você, a coisa da energia. Tenho provas concretas, para mim,
pois não tenho intenção, nunca tive, de convencer ninguém, de doutrinar
quem quer que fosse. Nem mesmo saberia teorizar sobre isso.
Os efeitos, os
benefícios, os malefícios dessas minhas experiências só são importantes pra
mim, e se estendem aos outros apenas a partir do momento em que me relaciono
melhor com eles e com o mundo.
Eu não vivi praticamente
nada do que você viveu. Você diz que sou puro tesão e, no entanto,
nunca tive esse tipo de relação com ninguém. Foi tudo tão família, tão
alma, tão interesse de um ser humano pelo outro...
Nem consigo me
lembrar de um namorado que tenha se referido a mim, assim. Tenho certeza de que
amaram primeiro a pessoa e de que o sexo foi um complemento. Muito bom,
mas um complemento.
O Nei me ligou
duas vezes no domingo. Nunca menciona o sexo. Fala de particularidades
minhas, da saudade de coisas que são muito minhas. Da vontade de ficar
perto de mim, rindo das minhas bobagens, compartilhando minhas pequenas
loucuras, curtindo meu universo, minha família. Então, entendo que ele me ama
verdadeiramente.
Todos, sem exceção, se
interessavam por mim, e naturalmente havia sexo. Mas o sexo era uma extensão do
amor. Nem era sexo, era amor.
Dia desses,
eu disse a você que vivo atormentada. Vivo. Primeiro, fiquei sofrendo
calada, escondendo como se fosse um crime, o fato de estar no climatério -
ainda não é menopausa. Isto porque seu interesse por mim é tão claramente
sexual que tinha medo de que soubesse e perdesse o interesse.
Pode imaginar o
quanto isto é sério?
Todas as pessoas
que o conhecem, sem exceção, dizem de você, na sua frente, inclusive, tudo
o que nós já sabemos. E sabemos que não é mentira.
Sua relação com as
mulheres é completamente sensual. Tem obsessão, fala disso o tempo todo. Seus
amigos são praticamente todos desse tipo. A maneira que lida com as
mulheres-colegas de trabalho, profissão, qualquer mulher, tem sempre esse
componente. Naturalmente, acaba despertando mil e umas ideias por aí.
Você, pelo visto,
nunca foi seletivo. Tem ereção por qualquer coisa, qualquer uma em qualquer
situação. Tenho medo até de pensar. Chego a suspeitar de que isso seu é
tão sério, mas tão sério, que o leva muito mais longe.
Sempre gostei
do sexo como um ritual. Acho o sexo uma comunhão perfeita de alma e corpo.
Estudei isso. Gostei disso. Acredito que ao deitar-me com alguém estou
absorvendo a energia desse alguém pelo chakra umbilical, pelo kundalini.
Por isso - disso
você não sabia - cheguei a ter namorado com quem nem transei. Por isso transei
pouco ao longo da minha vida. Por isso, sempre preferi viver intensamente
música, dança, natureza, amigos, viagens, reservando o sexo para momentos,
pessoas, relações, profundas e verdadeiras.
Não sei o que sou.
Não tenho religião hoje. Acredito piamente nessa coisa da busca de crescimento
interior, espiritual. Na lei da causa e efeito, do retorno. Tentei dar aos meus
filhos uma educação integral, que inclui essa tal busca de crescimento
espiritual, pessoal, moral, como queira. Adotei porque procurei viver assim e
me fez muito bem.
Será que
ao menos percebeu que esse sexo louco explodiu em mim por conta de
um amor que me fez ir ao céu e ao inferno?
Como pode não
se dar conta de que há alguma coisa muito maior, muito mais forte,
importante?
Por que estou
fugindo:
Você ama esse
sexo. Você ama o que acontece na cama. No momento em que isto deixar de ser
intenso, acabou-se a relação.
Todo esse fogo,
todo esse amor que diz sentir, não te fez mudar.
Continua olhando
para todos os lados; atento a outras e todas as mulheres; aberto para outras
possibilidades; uma aventura. E ainda jogando charme a torto e a direito
(tive notícias disso, não queria acreditar, mas depois, tive que parar de fugir
disso).
Por conta de
tudo isso, e mais, vivo insegura. Você mente nas pequenas
coisas. Descobri que me deito com um estranho.
Você usa de seus
filhos para mentir.
Não te vejo
interessado em construir, pensar um futuro comigo. Não assumir
compromisso, não ter projetos nem planos de futuro que inclua uma outra pessoa
é uma escolha, uma decisão. Mas há de ser verdadeira, assumida.
Ao me dar conta de
que prefiro viver sozinha, até a minha morte, não vou me envolver com
ninguém com esse discurso de que amo, me encontrando regularmente.
Vou viver
descompromissadamente, saindo com um e outro. Mais honesto, mais decente, não
acha?
Meu amor por
você nunca esteve centrado nesse sexo fantástico que fazíamos. Amei por
inteiro, aceitando inclusive o fato de que é a personificação de tudo o que
mantive distante de mim a vida inteira.
Te amo
ainda.
Não vou dizer que
é o homem da minha vida, aquele que esperei desde que nasci. Quero ser
completamente verdadeira.
Não vou dizer algo
de que não estou 100% certa. Mas te amo tanto que ficar sem você é como
cortar um pedaço do meu próprio coração.
Te amo tanto
que serei metade da metade daqui prá frente.
Cada vez que
tive certeza de que não viria, você me ligava dizendo que
tinha um compromisso com a Quert e, no dia seguinte, contava uma
outra história, me dando elemento para acreditar no que as pessoas me
dizem.
Eu quero e sempre
quis acreditar em você. Tanto que estive até hoje do seu lado. Não entendo
porque, não conseguiu ser honesto.
Você sequer me deu
um lugar na sua vida! Pra mim, só as noites de sexo. Ou os dias inteiros
de sexo.
Você
comentou da amiga que esteve doente e da qual teve pena porque vivia sozinha.
Em momento algum o vi preocupado comigo que vivo completamente
sozinha, tive sérios problemas de saúde, sofro a ausência dos meus filhos
e já passei até dois dia na cama aqui sem ter ninguém para nada. Tenho uma rede
de amigos. Quando precisei ir ao médico, paguei a um "amigo" para
ir comigo. Não, não estou cobrando sua presença nessas circunstâncias. Estou
é avaliando esse tal de amor que você diz ter por mim.
Entende agora
porque disse que não iria mais conversar? Já te aborreci demais com as minhas
queixas, com as idas e vindas. Não posso ficar te crucificando. Você é assim.
Minhas queixas, o ir e vir, só nos desgastam.
Morro de tristeza
por me afastar de você.
Acho que o fato de
ter me enfiado na cama às seis da tarde no dia da festa do Luluciano pode ter
te dado uma ideia de que alguma coisa muito séria estava acontecendo, não?
Não deveria estar
dizendo isso, mas sinceramente, nem dá mais para continuar vivendo
aqui. Pelo menos neste momento, não.
Vou viajar, voltar
e viajar, e viajar. Brasília, Congonhas, Congonhas, Brasília, até me sentir em
condição de entrar aqui na boa, terminar o contrato e decidir a vida.
Preciso lavar
você, tirar da alma, do coração.
Por favor, venha
pegar suas coisas hoje. Depois não estarei mais aqui.
Mara Duarte
13 jul 14:21