quinta-feira, 5 de julho de 2018

UMA TRAGÉDIA NO DIA A DIA





Resultado de imagem para Casal silhueta









Chroniques maritales







Álvaro Alencastro


Eduardo Frieiro registra em O Elmo do Mambrino, livro que reúne artigos publicados em jornais, a tragédia do escritor francês Marcel  Jouhandeau: o casamento.

Diz Frieiro:

“A felicidade de Jouhandeau como autor começou com a sua infelicidade conjugal”.

Todos os livros, mais de 40 volumes, falam da sua vida conjugal.

Em 1938, Marcel Jouhandeau ganha o “Prêmio Lasserre” pelo conjunto da obra, época em que publica Chroniques maritales.

“Esta obra é uma espécie de confissão pública de um marido exasperado que desnuda a intimidade do casamento, registrando diariamente, como num aparelho de rigorosa perfeição, as ações e reações conjugais de sua companheira – sua inimiga”.

“Godeau, personagem de Jouhandeau, nas Chroniques, era grande e forte, mas na sua fortaleza, até então inexpugnável, penetrou insidiosamente a mulher, e o propugnáculo irredutível para logo se transformou numa cidade aberta, ocupada pelo inimigo”.
“Não encontrei em Eliza nem socorro material, nem amizade, nem aliança, nem sombra de reconhecimento, nem ao menos piedade, mas encargos, cuidados, rivalidades, hostilidades, dureza de coração”. (Chroniques)

“Eu nunca tive, não tenho e certamente jamais terei mais imortal inimigo do que ela, a tal ponto que, se eu me sentisse doente, pediria antes de nada que me subtraíssem a sua guarda e cuidados.” (Chroniques)

Estes depoimentos, experiências, análises, aqui recolhidos permitem, hoje, propor a sistematização da arte de se fazer amar pela própria mulher.



Danilo Gomes escreve sobre Frieiro quando o escritor completou 85 anos:

http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/literaria_corpo_discente/article/viewFile/9284/8067