quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Ela só queria beijar Frank Sinatra




ELENA


Rufino Fialho Filho

 


"Minha mãe não morrerá. Eu vou salvar minha mãe".


É o que está dito, escrito e filmado no Elena.


Marília Andrade, a mãe, quis ser atriz, na juventude. 


E beijar Frank Sinatra.


Teve que contentar com o Manoel.


Elena e Democracia em Vertigem realizou um dos sonhos de Marília.


Militante política do PCdoB, ela e o Manoel lutariam no Araguaia, onde quase todos os companheiros morreram - assassinados.

Petra fez da mãe a atriz principal de Elena, em que como investigadoras regataram a jovem atriz, os seus dias de sonho em 

Nova York, e deram a Elena o papel que ela não havia conseguido na telona.

A mãe tornou-se, mais uma vez, agora, em Democracia em Vertigem, a militante política. 

De novo, não mais como testemunha.

A guerrilheira, salva pela gravidez, conquista de novo seu ideal político e mais uma vez luta para evitar a vertigem, a loucura da volta do despotismo e de um governo louco e insensato.

As duas mulheres, mãe e filha, resgatadas do confronto com a ditadura militar.

Agora, sobrevivem e lutam contra a destruição do país mais uma vez pelos setores mais radicais da direita.

Seguir os caminhos de Elena, procurar Elena, fazer dos sonhos deElena um novo filme. 

Ser Elena - assim Petra, que faria qualquer sacrifício para salvar a mãe, junto com a mãe, fizeram um documentário já premiado peça indicação para o Oscar 2020.

Sacaram que não foi um documentário apenas?

Estávamos diante de um filme completo, com as emoções da filha e da irmã que, ao retirar a história de um suicídio, junto com a mãe, 

até na reconstituição da morte de Elena, colocou o cinema e a linguagem cinematográfica em um novo patamar.

Um cinema verdade.

Como Elena, Petra salvou a mãe, Marília. A tristeza não mais as matará.

Foi assim que Marília salvou Petra.

Por sua vez, Petra mostrou que a verdadeira atriz vence a dor e a morte com a arte.

Com o cinema.