ELENA
Rufino
Fialho Filho
"Minha
mãe não morrerá. Eu vou salvar minha mãe".
É o que está
dito, escrito e filmado no Elena.
Marília Andrade, a mãe, quis ser atriz, na juventude.
E beijar Frank Sinatra.
Teve que
contentar com o Manoel.
Elena e
Democracia em Vertigem realizou um dos sonhos de Marília.
Militante política do PCdoB, ela e o Manoel lutariam no Araguaia, onde quase todos os companheiros morreram - assassinados.
Petra fez da mãe a atriz principal de Elena, em que como investigadoras regataram a jovem atriz, os seus dias de sonho em
Nova York, e deram a Elena o papel que ela não
havia conseguido na telona.
A mãe tornou-se, mais uma vez, agora, em Democracia em Vertigem, a militante política.
De novo, não mais como testemunha.
A guerrilheira, salva pela gravidez, conquista de novo seu ideal político e mais uma vez luta para evitar a vertigem, a loucura da volta do despotismo e de um governo louco e insensato.
As duas mulheres, mãe e filha, resgatadas do confronto com a ditadura militar.
Agora, sobrevivem e lutam contra a destruição do país mais uma vez pelos setores mais radicais da direita.
Seguir os caminhos de Elena, procurar Elena, fazer dos sonhos deElena um novo filme.
Ser Elena - assim Petra, que faria qualquer sacrifício para salvar a mãe, junto com a mãe, fizeram um documentário já premiado peça indicação para o Oscar 2020.
Sacaram que
não foi um documentário apenas?
Estávamos diante de um filme completo, com as emoções da filha e da irmã que, ao retirar a história de um suicídio, junto com a mãe,
até na reconstituição da morte de Elena, colocou o cinema e a linguagem cinematográfica em um novo patamar.
Um cinema
verdade.
Como Elena, Petra salvou a mãe, Marília. A tristeza não mais as matará.
Foi assim
que Marília salvou Petra.
Por sua vez, Petra mostrou que a verdadeira atriz vence a dor e a morte com a arte.
Com o
cinema.
